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Moçambique com mais de 10 mil pacientes com perturbações mentais devido a drogas

Lusa
17-10-2025 16:18h

Moçambique registou mais de 10 mil casos de perturbações mentais associadas ao consumo de drogas e álcool no primeiro semestre de 2025, um aumento de mais de 9.000 mil casos comparado a 2024, segundo um relatório divulgado hoje.

No relatório sobre a situação do consumo e tráfico ilícitos de droga em Moçambique, elaborado pelo Gabinete Central de Prevenção e Combate à Droga (GCPCD), indica-se que, nos primeiros seis meses deste ano, o país registou 10.921 pacientes com perturbações mentais e de comportamento, contra 1.543 registados no mesmo período do ano passado.

“Constata-se que o maior número de pacientes foi registado na cidade de Maputo, com 4.905 casos, num total de 10.921, seguindo-se as províncias de Sofala, com 1.623, Manica, Nampula e Maputo-Província, que registaram 991, 921 e 914", respetivamente, lê-se no documento.

Do total de pacientes registados até junho de 2025, 8.563 são homens e 2.358 mulheres, o que confirma a prevalência masculina no consumo de substâncias psicoativas, tendo sido internados pelo menos 6.381.

As autoridades de saúde de Moçambique apontaram o álcool como a principal causa dos distúrbios mentais e comportamentais, seguido do uso combinado de múltiplas drogas.

"Entre as drogas ilícitas, os canabinoides foram responsáveis por 2.644 casos (...). O tabaco permanece uma substância amplamente consumida, com 1.737 casos em todo país", refere o gabinete moçambicano de combate à droga.

No relatório, a GCPCD alerta para o aumento do número de internamentos e complicações clínicas relacionadas com o uso prolongado de substâncias como a heroína, o álcool e as drogas sintéticas, colocando entre as consequências mais comuns surtos psicóticos, distúrbios de ansiedade, comportamentos violentos e abandono escolar, sobretudo nos jovens com idadees entre 18 e 35 anos.

As autoridades sublinham que “o consumo de substâncias psicoativas tem um impacto direto sobre a saúde mental dos indivíduos, podendo causar ou agravar transtornos psicológicos”, e defendem o reforço dos programas de prevenção e tratamento comunitário.

O documento destaca também o trabalho de prevenção desenvolvido por cerca de 28 mil ativistas comunitários, formados no primeiro semestre de 2025 para promover campanhas de sensibilização em escolas, mercados e bairros sobre os riscos do consumo de drogas e álcool, tendo beneficiado 780.966 pessoas, número superior ao do ano passado, com 747.000.

Estes agentes colaboram com as autoridades de saúde na identificação precoce de dependências e no encaminhamento de pacientes para centros de reabilitação.

As províncias de Nampula, Sofala e Maputo lideram as ações de reinserção social de ex-toxicodependentes, através de programas de formação profissional e apoio psicossocial.

O Ministério da Saúde moçambicano, citado no relatório, estima que 88 milhões de meticais (um milhão de euros) foram investidos em programas de tratamento e reabilitação, incluindo terapias de substituição com metadona.

Um total de 950 quilogramas de drogas foram apreendidas e 294 pessoas detidas no primeiro semestre de 2025 em Moçambique, indica-se no mesmo relatório, que aponta para o envolvimento de funcionários públicos em pontos de entrada dos estupefacientes.

Moçambique é apontado por várias organizações internacionais como um corredor de trânsito para o tráfico internacional de estupefacientes com destino à Europa e Estados Unidos, sobretudo de heroína oriunda da Ásia, mas as apreensões de cocaína oriunda da América do Sul têm também aumentado.

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