As unidades locais de saúde (ULS) já contrataram 793 novos médicos especialistas para os hospitais públicos, pouco mais de metade das vagas disponibilizadas nos concursos abertos na época normal deste ano.
Num primeiro balanço sobre a contratação de médicos que concluíram a sua formação numa especialidade, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) adiantou hoje à Lusa que, dos 973 concursos previstos para as especialidades hospitalares na época normal, já foram lançados 966.
“Até ao momento, das 1.552 vagas disponibilizadas, foram ocupadas 793 vagas para as especialidades da área hospitalar”, avançou a ACSS.
Os concursos para a contratação dos novos médicos para os hospitais públicos são descentralizados, ou seja, lançados por cada uma das ULS, ao contrário do que acontece com os médicos de família que trabalham nos centros de saúde, que são colocados através de um concurso de âmbito nacional, desenvolvido pela ACSS.
Em junho, tinham sido contratados 213 novos médicos de família, no âmbito do concurso aberto em maio, que disponibilizou um total de 585 vagas, o que representou uma taxa de colocação de cerca de 35%.
Na altura, a ACSS adiantou à Lusa que essa percentagem de ocupação de vagas em 2025, “embora baixa”, foi superior às registadas em 2023 (32%) e 2024 (28%).
No balanço preliminar divulgado hoje, a ACSS adiantou que, na primeira época dos concursos de contratação de recém-especialistas para as três áreas - hospitalar, medicina geral e familiar e saúde pública -, até ao início do outubro, tinham sido contratados 1.031 médicos.
Desse total, 835 adquiriram a especialidade na primeira época de 2025, representando 81% de retenção do total de médicos recém-especialistas contratados, enquanto os restantes 196 já tinham concluído a sua formação em anos anteriores.
A falta de profissionais de saúde, principalmente em algumas especialidades como a obstetrícia e ginecologia, tem sido apontada como um dos principais problemas de acesso ao SNS, com sindicatos e ordens profissionais a reclamarem medidas para os atrair e fixar nos hospitais e centros de saúde públicos.
A Ordem dos Médicos apresentou um pacote de 25 medidas para aumentar a atratividade do SNS, que já foi entregue ao Ministério da Saúde e aos grupos parlamentares, alertando que a falta de médicos “compromete a capacidade de resposta, a qualidade dos cuidados e o acesso das pessoas ao SNS em tempo adequado”.
A proposta da ordem é, segundo o documento a que a Lusa teve acesso, para implementar num período de dois anos e pretende garantir a fixação e a valorização dos médicos que trabalham no setor público.
Também a Federação Nacional dos Médicos, a maior estrutura sindical da classe, defende como prioridades, para atrair e reter médicos nos hospitais e centros de saúde, a reposição do horário semanal das 35 horas, a recuperação do poder de compra perdido pelos profissionais de saúde na última década e a integração do internato na carreira médica.
O plano de emergência e transformação da Saúde, aprovado pelo Governo em maio de 2024, prevê um programa de valorização dos profissionais de saúde, que, entre outras medidas, inclui medidas para a formação contínua, remuneração baseada no desempenho e autonomia técnica e organizativa.
Em julho deste ano, o SNS tinha cerca de 154 mil trabalhadores, dos quais 52 enfermeiros, 22 mil médicos especialistas e mais de 10 mil médicos em formação (internos).