As Comissões de Utentes da Saúde do Arco Ribeirinho Sul e a União de Sindicatos de Setúbal convocaram uma manifestação para quinta-feira junto ao hospital do Barreiro, em protesto contra o encerramento da maternidade naquela unidade de saúde.
Num comunicado conjunto hoje divulgado, os utentes do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete e a União de Sindicatos explicam que sempre afirmaram que o fecho rotativo entre urgências, além de não resolver qualquer problema, seria o caminho para a degradação destes serviços e, depois, para o encerramento definitivo.
“Infelizmente, o tempo veio dar-nos razão”, refere a comissão, indicando que o encerramento da Maternidade do Barreiro “que o governo PSD/CDS colocou em cima da mesa, pela voz da ministra da Saúde”, foi iniciado com o Governo PS de maioria absoluta com os chamados “fechos rotativos”.
“Os utentes e os profissionais de saúde não aceitam este encerramento e apelam à luta contra esta intenção anunciada pelo governo PSD/CDS, nomeadamente com a participação massiva na próxima quinta-feira junto à entrada principal do Hospital do Barreiro”, indicam no comunicado.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) anunciou também hoje que vai marcar presença na ação de protesto junto ao hospital da Barreiro (Hospital Nossa Senhora do Rosário).
Em comunicado, a FNAM alerta que “concentrar a urgência regional de ginecologia e obstetrícia em Almada priva de cuidados de proximidade as mulheres de toda a Península de Setúbal” e que as grávidas da margem sul “continuam a correr risco de ter partos em ambulâncias e nas estradas”.
Este ano, segundo a FNAM, já se registaram 59 casos.
“A FNAM estará ao lado da Comissão de Utentes e defende o reforço das equipas médicas em todos os hospitais da Península de Setúbal. Apenas negociações urgentes que melhorem as condições de trabalho dos médicos permitirão garantir equipas completas e cuidados de proximidade de qualidade”, acrescenta a federação.
No dia 17 de setembro a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou no parlamento a criação a curto prazo de uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, com o Hospital Garcia de Orta, em Almada, a funcionar em permanência e o Hospital de Setúbal a receber casos referenciados pelo SNS 24 e pelo INEM.
A ministra, que falava na Comissão Parlamentar de Saúde, disse ainda que será aberto em 2026 um concurso para a criação de um Centro Materno Infantil da Península de Setúbal, “que viverá dentro do perímetro do Hospital Garcia de Orta”.
Face a este anúncio o autarca do Barreiro criticou a ministra da Saúde por delinear estratégias sem envolver os autarcas da península de Setúbal e garantiu “oposição feroz” a um eventual fim da urgência de obstetrícia no hospital da cidade.
O autarca referiu em declarações à agência Lusa que, pelas informações que os autarcas vão lendo, “porque o contacto por parte do Governo tem sido zero”, é de que a obstetrícia vai manter-se no hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, mas que as urgências da especialidade é que não.
O Hospital Nossa Senhora do Rosário pertence à Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR), que tem como área de influência direta os concelhos de Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, todos no distrito de Setúbal.
Segundo estatísticas da Pordata, os quatro concelhos têm atualmente 232.604 habitantes.
A ULSAR integra ainda o Hospital Distrital do Montijo, e os centros de saúde de Alcochete, Barreiro, Quinta da Lomba, Moita, Montijo e Baixa da Banheira.
A população da região da Península de Setúbal é de 834.599 habitantes, segundo dados de 2023 do INE.
Esta região abrange nove concelhos (Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo, Alcochete, Setúbal, Sesimbra e Palmela) e é uma das mais populosas do país.