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Tuberculose matou 71 pessoas na província moçambicana de Nampula em seis meses

Lusa
24-09-2025 13:41h

Pelo menos 71 pessoas morreram vítimas de tuberculose no primeiro semestre deste ano na província moçambicana de Nampula, norte do país, um aumento homólogo de 5%, entre 4.328 casos da doença, anunciaram hoje as autoridades locais.

“São 71 óbitos este ano, no primeiro semestre. Se formos a fazer uma comparação com igual período do ano anterior, tivemos um ligeiro aumento de 5%, porque na mesma altura, no ano passado, registamos perto de 60 casos”, disse à Lusa o chefe do departamento de saúde pública na direção provincial de saúde, Jaime Miguel.

Segundo o responsável, a província registou, em igual período do ano passado, 6.935 casos de tuberculose, e as autoridades pedem às populações para redobrarem os esforços na prevenção.

O chefe do departamento de saúde pública na direção provincial de saúde avançou que os casos de tuberculose têm mais incidência nos distritos de Nampula, Mogovolas, Eráti e Liúpo.

Jaime Miguel apontou para a fraca cobertura provincial no rastreio e tratamento de casos de tuberculose nas comunidades, sobretudo com a saída da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) que apoiava organizações locais no combate desta doença.

“Temos algumas comunidades que não têm cobertura dos ativistas e tendo em conta o nosso rácio de técnico de saúde, unidade sanitária e população, existem pessoas que percorrem quilómetros para chegar a uma unidade sanitária”, explicou o chefe do departamento de saúde pública naquela província.

“O facto de não conseguirmos fazer o seguimento dos casos nas comunidades contribui, porque os casos que chegam nas unidades sanitárias são casos graves”, acrescentou.

Em 23 de julho, a Lusa noticiou que Moçambique registou 48.000 casos de tuberculose no primeiro semestre deste ano, com as autoridades de saúde a apontarem para a falta de financiamento como uma das causas do aumento dos casos da doença no país.

"Moçambique continua a enfrentar uma elevada carga desta doença, muitas vezes associada ao VIH, afetando gravemente, principalmente, as populações mais vulneráveis", disse naquela data o secretário permanente do Ministério da Saúde, Ivan Manhiça.

Na mesma data, a responsável pelo Programa Nacional de Controlo da Tuberculose, Benedita José, estimou que a patologia afeta cerca de 361 pessoas por cada 100 mil habitantes em Moçambique: "com as estimativas reais, esperamos encontrar cerca de 121 mil casos de tuberculose por ano".

O Governo norte-americano anunciou em 01 de julho o encerramento definitivo da USAID, fundada em 1961 com objetivo de prestar apoio humanitário internacional, com financiamentos significativos na área da saúde em Moçambique. 

Em 30 de junho, as autoridades moçambicanas de saúde receberam dois milhões de doses da vacina contra a tuberculose (BCG), suficientes para seis meses, após um período de rutura, para administração em bebés até 23 meses.

De acordo com a Associação de Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP), uma organização não-governamental internacional, mais de 108 mil pessoas receberam tratamento contra tuberculose desde 2019 em 50 distritos das províncias de Zambézia, Sofala, Tete e em Nampula, no norte e centro de Moçambique.

Segundo a ONG, entre 2019 e 2024, do total dos 108.242 casos notificados e tratados no país, 10.547 eram crianças.

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