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Federação Académica exige "inquérito interno" à U.Porto sobre caso de Medicina

Lusa
05-09-2025 13:12h

A Federação Académica do Porto exigiu hoje um “inquérito interno” para apurar o porquê do diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto informar 30 candidatos da entrada em Medicina sem autorização do reitor da Universidade do Porto.

O reitor da Universidade do Porto (U.Porto), António de Sousa Pereira, denunciou ter recebido pressões de várias pessoas para deixar entrar na Faculdade de Medicina 30 candidatos que não tinham obtido a classificação mínima na prova exigida no curso especial de acesso, avançou hoje o jornal Expresso.

Em entrevista à Lusa, o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Francisco Fernandes, diz-se “envergonhado” pelo sentimento de frustração que foi provocada a 30 candidatos à licenciatura de Medicina da U.Porto, tida como a melhor universidade de Portugal, e pediu um “inquérito interno” para que se apurem as responsabilidades de informar com um e-mail oficial os alunos da entrada no curso de Medicina sem "respaldo legal”.

“Defendemos um inquérito interno para que nunca mais isto aconteça. Estamos envergonhados pelo sentimento de frustração que foi provocada aos estudantes e, acima de tudo, como é que é possível a Universidade do Porto, entre reitoria e entidades orgânicas, não se conseguirem entender”, destacou.

Francisco Fernandes lamenta que seja lançado um e-mail pela Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), sem a autorização do reitor.

“A Universidade do Porto é uma só”, frisou.

Segundo o presidente da FAP, houve um “candidato que se despediu do emprego, outro que vendeu a casa, outro que se despediu do trabalho no estrangeiro”.

Ou seja, os candidatos que tomaram conhecimento que se encontravam colocados definitivamente na FMUP mudaram a sua vida.

Segundo o presidente da FAP, foi a falta de entendimento entre o Reitor da Universidade do Porto [António de Sousa Pereira,] e o atual diretor da Faculdade de Medicina [Altamiro da Costa Pereira – rival na eleição de Reitor da Universidade do Porto para o mandato 2022-2026], que levou a que 30 alunos tenham sido mal informados sobre a entrada no curso de Medicina.

Houve 30 pessoas que receberam um e-mail da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto a dizer que tinham entrado na Licenciatura de Medicina.

“São pessoas que estavam há anos e anos a tentar”, recorda Francisco Fernandes.

O que acontece aqui é que, por falta de comunicação e entendimento interno na U. Porto, ou seja entre a Reitoria e a Faculdade de Medicina, estas vagas não tiveram homologação necessária por parte do reitor António de Sousa Pereira

“Temos então 30 jovens que receberam um documento oficial da U.Porto, mas homologado pela pessoa errada, portanto, sem valor legal, supostamente”.

Segundo explicou Francisco Fernandes, este concurso é para estudantes licenciados, pessoas mais velhas que estão entre os 25 e 30 anos, e tem 37 vagas para entrar na Faculdade de Medicina na Universidade do Porto.

A nota mínima na prova, segundo o regulamento publicado em Diário da República, é de 14 valores. Apenas sete estudantes tiveram essa nota de 14 valores.

Ora, a Comissão de Seleção do Concurso Especial para Acesso ao Ciclo de Estudos Integrado do Mestrado em Medicina da Universidade do Porto para 2025/2026 decidiu passar a nota mínima de 14 para 10 valores no dia 29 de maio de 2025.

A Comissão de Seleção foi constituída por José Gerardo de Oliveira, Cândida Manuel Abreu, Delminda Rosa de Magalhães, Luís Filipe Azavedo, Maria Rita Negrão e Maria Teresa Ferreira Pereira, segundo o documento a que a Lusa teve acesso.

“Perante os resultados obtidos, a Comissão deliberou propor a aplicação excecional do 'cut-off' de 10 valores na Prova de Conhecimento, admitindo todos os candidatos que tenham obtido classificação igual ou superior a este valor considerando que a classificação mínima de 10 valores assegura, ainda assim, um patamar de mérito compatível com os objetivos do concurso. A proposta está alinhada e garante a prossecução das finalidades do concurso especial, designadamente (…) diversificar o perfil dos estudantes de Medicina”, lê-se no mesmo documento.

“Isso não tem respaldo legal - e nisso o senhor reitor tem toda a razão – não se pode mudar as regras a meio do jogo”, referiu o presidente da FAP.

Segundo a FAP, a U.Porto chegou a publicar a 21 de julho no seu site uma nota onde se podia ler: “a Faculdade de Medicina (FMUP) vai abrir por sua vez 30 vagas (são agora 275 no total) para o Mestrado Integrado em Medicina, como resultado da transferência de vagas não ocupadas no concurso especial para acesso ao curso de Medicina por titulares de grau de licenciado”.

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