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Desinformação dificulta aleitamento materno na província moçambicana de Nampula

LUSA
07-08-2025 06:46h

As autoridades de saúde moçambicanas alertaram para a desinformação no aleitamento materno na província de Nampula, devido à cor amarelada e textura espessa do colostro, que provoca receio nas mães sobre a falsa possibilidade de prejudicar os bebés.

"Tem o primeiro leite, chamado colostro, que tem a cor amarelada, geralmente a comunidade considera como sendo prejudicial para os bebés e isto tem a ver com tabus. É uma questão generalizada, toda província tem as suas culturas e práticas", explicou Malveno Sualeque, responsável provincial em Nampula do programa de nutrição.

Sualegue acrescentou que, apesar das campanhas de saúde pública levadas a cabo pelas autoridades locais, que destacam os benefícios do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, persistem índices de desinformação que comprometem essa prática, especialmente nas comunidades mais vulneráveis.

Os serviços do programa de nutrição estão a desenvolver desde esta quarta-feira uma ação no âmbito da semana mundial do aleitamento materno na província mais populosa de Moçambique, no norte do país.

Um dos mitos mais persistentes está precisamente relacionado com o colostro, o primeiro leite produzido pela mãe logo após o parto, e para desmistificar esses receios, segundo o responsável, aquele setor intensificou a disseminação de mensagens que visam mostrar os benefícios do aleitamento materno exclusivo.

"Os agentes estão capacitados no sentido de sensibilizar as mães ao nível da comunidade para evitar jogar fora este colostro, sob justificativa de ser prejudicial para a criança. Pelo contrário, ele é muito benéfico, é rico em vitaminas e minerais, que fortalecem o sistema imunológico da criança", acrescentou.

Também a médica Nazira Abdula sublinhou que o colostro é uma "primeira vacina", essencial para fortalecer o sistema imunológico do recém-nascido, protegendo-o contra infeções.

No entanto, a rejeição ao colostro, alimentada por crenças culturais e falta de informação, continua a ser um obstáculo grave para a saúde infantil em muitas comunidades.

"O aleitamento materno é muito mais do que alimentar uma criança, é um gesto de amor, proteção e conectividade da mãe para com a criança, dado que é a primeira vacina que a criança apanha (...). Apesar dos progressos, persistem ainda muitos desafios, há ainda muita desinformação, há os mitos culturais - alguns são bons mas outros não", acrescentou.

Daí o apelo local ao envolvimento de todos, sublinhou Nazira Abdula: “É fundamental que o pai, os avós e outros membros da família apoiem e encorajem a mãe. O ambiente familiar pode ser um grande aliado ou um dos maiores obstáculos nesse processo. É o momento de partilha e de compromisso para o bem-estar das nossas crianças”, afirmou.

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