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Profissionais de saúde moçambicanos alertam para “deficiências alarmantes”

LUSA
04-08-2025 19:53h

Os profissionais de saúde moçambicanos alertaram hoje para “deficiências alarmantes” no fornecimento de medicamentos nas unidades sanitárias e pediram a nomeação de uma nova equipa para dialogar no âmbito das conversações com o Governo para acabar com paralisações.

“Apesar de alguns esforços do Governo em disponibilizar medicamentos, esses têm sido insuficientes. Persistem deficiências alarmantes na cadeia de fornecimento, prejudicando gravemente o funcionamento dos serviços de saúde”, alertou a Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), em comunicado.

No documento, a APSUSM, que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos, indicou que persiste também a falta de materiais básicos nas maternidades, como luvas, óculos de proteção e itens descartáveis, ausência de saneamento nas unidades sanitárias e ambulâncias sem combustível.

Os profissionais de saúde elencaram ainda a contínua falta de alimentação para doentes nos hospitais e “condições precárias” para a classe, que comprometem a prestação do serviço à população, acusando o Governo de continuar a “ignorar” a carta reivindicativa da APSUSM.

“É urgente que seja nomeada uma nova equipa para diálogo, com capacidade técnica, sensibilidade institucional e real interesse na resolução dos problemas apresentados. A equipa atual tem demonstrado inércia, ineficiência e desorganização”, pediu a associação destes profissionais, apontando para “ausência de respostas concretas” do Governo face ao seu caderno reivindicativo, apresentado ao executivo.

“Apesar das diversas cartas protocolares que apelam à intervenção direta do mais alto magistrado da Nação, os problemas continuam a ser ignorados. O Ministério da Saúde tem demonstrado falta de compromisso genuíno com os seus deveres institucionais e com os profissionais de saúde, recusando-se a tratar a nossa agremiação com o devido respeito e a seguir as recomendações feitas no âmbito das negociações do nosso caderno reivindicativo”, refere-se no documento.

 O Presidente moçambicano prometeu, em 12 de maio, dia do enfermeiro, continuar a investir na melhoria das condições de trabalho e no reconhecimento da carreira dos profissionais de saúde, no mesmo dia em que o ministro da Saúde pediu diálogo para travar greves no setor.

 “É nossa convicção que cuidar de quem cuida é investir no capital humano e garantir o alicerce para uma nação mais saudável, produtiva e próspera”, lê-se na mensagem de Daniel Chapo.

O setor da saúde enfrenta, há três anos, greves e paralisações convocadas pela APSUSM, tendo as mais recentes sido convocadas por médicos afetos ao Hospital Central de Nampula (HCN) e do Hospital Central de Maputo (HCM), todas reivindicando o pagamento de horas extraordinárias.

A APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, face às necessidades - com os fármacos, em alguns casos, a serem adquiridos pelos próprios pacientes -, assim como a compra de camas hospitalares.

Outras reivindicações passam pela resolução da "falta de alimentação", pelo equipamento de ambulâncias com materiais de emergência e equipamentos de proteção individual não descartáveis - cuja falta vai "obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso" - e pelo pagamento de horas extraordinárias, além de exigirem um melhor enquadramento no âmbito da Tabela Salarial Única (TSU).

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) exigindo as melhorias das condições de trabalho.

O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

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