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Médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde no Algarve em greve a 07 de agosto

LUSA
30-07-2025 15:59h

Médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde vão cumprir uma greve de 24 horas em 07 de agosto, no Algarve, como protesto contra a falta de profissionais e o agravamento das condições de trabalho, foi hoje anunciado.

Numa conferência de imprensa realizada hoje em frente ao Hospital de Faro, André Gomes, dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS-FNAM), adiantou que a greve abrange todos os profissionais da saúde que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região do Algarve.

“Aquilo que nós exigimos ao Governo é que tome medidas efetivas para fixar aqui profissionais. Nós precisamos de mais médicos, mais enfermeiros, mais assistentes operacionais e técnicos para podermos dar essa resposta e isso só se faz de uma maneira, valorizando carreiras, salários e abrindo vagas carenciadas”, declarou.

André Gomes disse não perceber a política que o Governo está a seguir nesta matéria, classificando como “incompreensível” que o Algarve não tenha sido, por exemplo, agraciado com a abertura de vagas carenciadas, como aconteceu nas regiões do Alentejo e em zonas da Beira Interior e Trás-os-Montes.

“Isto não vai lá com tentativas de maquilhagem, como o Governo quer ter, questões de ULS [Unidade Local de Saúde], USF [Unidade Local de Saúde], modelos C, PPP [parcerias público-privadas], não. Isso é maquilhagem para os problemas dos utentes. Os utentes precisam é de médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e assistentes técnicos”, frisou.

Segundo o dirigente sindical, o trabalho extraordinário no Algarve “deixou de ser extraordinário e passou a ser trabalho do dia-a-dia”, com os profissionais em sobrecarga e a terem de ultrapassar o limite de 150 horas para garantir a segurança dos utentes.

“Quem é que pode suportar o preço de uma habitação no Algarve? Portanto, o Governo deve desenvolver medidas apropriadas a cada região do país e é isso que tem faltado”, exemplificou, lembrando que no verão o Algarve triplica ou quadruplica a sua população e, se “a manta já é curta” para o inverno, mais o é nesta época.

Por seu turno, Alda Pereira, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), disse que as estimativas no Algarve apontam para a falta de cerca de 1.500 enfermeiros, reconhecendo que está instalado o “caos” na saúde do Algarve.

“Quando temos cerca de uma centena de enfermeiros que nesta ULS pediram escusa de responsabilidade, nas últimas semanas, eles já estão a dizer que o Algarve está completamente exausto, que os enfermeiros e todos os outros profissionais estão esgotadíssimos”, argumentou.

Segundo a sindicalista, vão aparecendo alguns candidatos para os concursos que são abertos para os profissionais de enfermagem, mas depois não conseguem suportar o curso de vida, nomeadamente da habitação, para se manterem na região.

“Eu venho viver para o Algarve, venho trabalhar para a ULS Algarve, quanto é que custa uma casa, quanto é que custa um quarto e quanto é que um enfermeiro ganha? Então o problema não é do número de vagas de concurso, na abertura de concurso, mas de [falta de] condições”, justificou.

Também Rosa Franco, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Sul e das Regiões Autónomas, reconhece que a falta de pessoal é um dos principias problemas que os profissionais destes serviços enfrentam, a par do agravamento das condições de trabalho, uma vez que muitos auxiliares fazem frequentemente 16 horas de trabalho por dia.

“Os nossos principais problemas são exatamente os problemas dos médicos e dos enfermeiros, a falta de trabalhadores”, disse, sublinhando que os concursos para técnicos auxiliares de saúde ficam, na sua maioria, desertos.

Questionada sobre o motivo, Rosa Franco respondeu que as pessoas até aceitam trabalhar para a ULS, mas ao “fim do segundo, terceiro turno despedem-se” devido à ansiedade e ao acumular de serviço.

“A quantidade de serviço é tanta que os meus colegas auxiliares desistem, pura e simplesmente”, ilustrou.

A greve, marcada para entre as 00:00 e as 24:00 do dia 07 de agosto, foi convocada pelos três sindicatos.

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