A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro, no distrito de Setúbal, manifestou hoje repúdio e preocupação com a perda de vidas de bebés, atribuindo-as à falta de assistência atempada às grávidas.
Em caso está a morte de dois bebés no distrito de Setúbal, uma no dia 22 de junho e outra noticiada na quinta-feira.
“A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro, manifesta o seu repúdio e a maior preocupação pelos acontecimentos nesta última semana com a perda de vidas de bebés pela falta de assistência atempada às grávidas”, refere a comissão em comunicado enviado à agência Lusa.
A comissão recorda que há muito tem exigido que as maternidades e serviços essenciais estejam abertos permanentemente, sem rotatividade entre concelhos e desde sempre que se opôs à alternância de funcionamento assim como à concentração de serviços.
“Esta não é a solução que serve as grávidas e as suas famílias. O SNS necessita de mais médicos, mais meios, mais investimento. Até onde iremos para reverter a situação atual? Até quando as grávidas e parturientes terão de se deslocar quilómetros e quilómetros até encontrarem serviços abertos para as atenderem e tratarem?", questiona a Comissão de Utentes.
Na quinta-feira, a RTP noticiou o caso de uma grávida que terá ligado para a linha Saúde 24, sem sucesso, e que acabou por ligar para o 112, sendo acionados os bombeiros do Barreiro.
A grávida acabou por ser transportada para Cascais porque as urgências do Hospital S. Bernardo, em Setúbal, que deveriam estar abertas, encerraram por sobrelotação, uma situação que já foi negada pelo Ministério da Saúde (MS).
“Não corresponde à verdade, como tem sido noticiado, que tenha sido recusada a assistência à grávida, por motivo de encerramento dos serviços de urgências de obstetrícia da Península de Setúbal”, assegurou em comunicado o MS, acrescentando que “a utente teve acompanhamento diferenciado de um médico” da Viatura Médica de Emergência e Reanimação no percurso entre o Barreiro e o Hospital de Cascais.
Segundo o Ministério, dado que era uma gravidez de 31 semanas, pré-termo, houve necessidade de encaminhar a utente para um hospital com apoio perinatal diferenciado (neonatologia).
Entretanto, a entidade que gere a linha SNS 24 assegurou que não houve constrangimentos no atendimento de chamadas na quarta e na quinta-feira, quando uma grávida do Barreiro teve de ser transportada para Cascais, perdendo o bebé no percurso.
Segundo os SPMS, de acordo com a matriz de referenciação, o serviço de urgência obstétrica que cobria a localização da utente - concelho do Barreiro - no momento do contacto telefónico, era na Unidade Local de Saúde Santa Maria.
“A utente foi, por isso, referenciada para o Hospital Santa Maria”, assegurou.
No dia 29 de junho foi noticiado o caso de uma mulher que terá sido atendida em cinco unidades hospitalares em 13 dias, referindo queixas de dores, tendo o parto sido realizado no dia 22 de junho na unidade local de saúde (ULS) de Santa Maria, em Lisboa, onde, “pouco tempo depois, a recém-nascida morreu”.
A recém-nascida nasceu com 4,5 quilogramas, com batimentos cardíacos fracos e sinais de sofrimento fetal. A bebé, apesar das manobras de reanimação, não resistiu.
Em comunicado, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) explicou na altura que em todos os hospitais onde foi observada, a grávida “terá sido avaliada de forma atempada por profissionais de saúde qualificados, submetida aos exames e avaliações considerados necessários, tendo recebido as orientações consideradas adequadas”.