Moçambique regista a quarta maior taxa de natalidade na adolescência, em raparigas de 15 a 19 anos, em todo o mundo, segundo um relatório das Nações Unidas que antevê a duplicação da população moçambicana em 25 anos.
De acordo com o relatório “Situação da População Mundial 2025”, apresentando em Maputo, na terça-feira, pelo Fundo das Nações Unidas para a População (FNUP), e a que a Lusa teve hoje acesso, a taxa de natalidade na adolescência, de 2001 a 2024, atingiu 158 em cada mil raparigas moçambicanas, apenas atrás da República Centro-Africana (184), da Guiné Equatorial (176) e de Angola (163).
Em Moçambique, a taxa de fertilidade é de 4,6 filhos por mulher, que compara com 5,0 em Angola, 5,8 no Níger e na República Centro-Africana, e 5,9 na Somália e na República Democrática do Congo.
Segundo o relatório, estima-se que a população moçambicana ronde este ano os 35,6 milhões de pessoas, sendo 44% com idade até 14 anos e apenas 3% acima de 65 anos. Em Moçambique, no relatório aponta-se o prazo para duplicação da população atual em 25 anos, apenas ultrapassado pela Ucrânia (19 anos), Síria (20 anos), Somália (21 anos), Sudão, República Democrática do Congo e Níger (22 anos), Iémen (24 anos).
Na apresentação do relatório, em que se aponta ainda 67 anos como a esperança média de vida para as mulheres moçambicanas e 61 para os homens, a representante em Moçambique do FNUAP, Nélida Rodrigues, apelou: “Devemos mudar a conversa de quantos filhos as pessoas têm para se têm poder para decidir de forma livre e em igualdade”.
O FNUAP afirma que o relatório destaca uma “realidade urgente”, em que “milhões de pessoas querem ter filhos”, mas “enfrentam obstáculos como insegurança económica, desigualdade de género e falta de acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva”.
Entre outros elementos, os dados do relatório sugerem que apenas uma em cada três mulheres moçambicanas tem capacidade para tomar decisões sobre o número de filhos, pela dificuldade no acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, além de que em média uma criança em cada família resulta de gravidez não planeada.
Além disso, o FNUAP aponta o elevado índice de uniões prematuras, que afetam quase metade das raparigas (48%) e que dão à luz pela primeira vez antes dos 18 anos.