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Pelo menos 106 profissionais de saúde detidos na Etiópia durante greve nacional

LUSA
22-05-2025 19:47h

Pelo menos 106 profissionais de saúde foram detidos no âmbito de uma greve nacional na Etiópia, iniciada a 13 de maio, em que exigiam melhores salários e condições, anunciou hoje a Associação Etíope de Profissionais de Saúde (EHPA).

Segundo o vice-presidente da associação, Malese Bata, as autoridades acusaram nove dos detidos de "incitamento a distúrbios e violência" e "colaboração com forças anti-pacíficas".

Os nove profissionais compareceram quarta-feira perante o Tribunal Superior Federal de Adis Abeba, na capital, que concedeu à polícia uma prorrogação de 12 dias para continuar as investigações, mantendo os acusados detidos.

Malese denunciou que o Governo respondeu a reivindicações salariais pacíficas com detenções arbitrárias, ameaças e assédio no local de trabalho.

Um alto dirigente da EHPA, sob anonimato, afirmou à EFE que a polícia acusa os nove detidos de coordenarem e liderarem a greve nacional, responsabilizando-os por eventuais mortes causadas pela sua ausência no trabalho.

De acordo com a associação, a greve visava essencialmente exigir melhores salários, condições de trabalho dignas e reformas estruturais, tendo contado com uma adesão significativa de profissionais, incluindo médicos residentes e em formação.

Em resposta à paralisação, o ministro da Saúde, Dereje Duguma, advertiu que o Governo poderá revogar as licenças profissionais dos trabalhadores envolvidos na ação coletiva.

Numa entrevista televisiva na quarta-feira, o ministro Duguma afirmou que "deixar crianças em cuidados intensivos e mães em trabalho de parto é um erro grave e indesculpável. O setor da saúde nunca deve ser interrompido, nem por um minuto".

A Comissão Etíope de Direitos Humanos (CEDH) confirmou a existência de intimidação generalizada, detenções e o agravamento das condições de prestação de cuidados de saúde durante a greve em curso.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, a CEDH apelou a uma resolução rápida e adequada do conflito, salientando que está a monitorizar as ações do executivo e dos profissionais de saúde.

A agência EFE confirmou, nos hospitais Ras Desta e St. Paul, em Adis Abeba, que os trabalhadores da área da saúde não compareceram ao trabalho, afetando os serviços médicos prestados aos pacientes.

O Ministério da Saúde reiterou que as greves no setor da saúde são legalmente proibidas e avisou que os profissionais envolvidos poderão enfrentar processos criminais.

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