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Ébola: UA alerta que surto na RDCongo representa "enorme desafio" para África

Lusa
11-09-2025 17:21h

A agência de saúde da União Africana (UA) alertou hoje que o novo surto de Ébola na República Democrática do Congo (RDCongo) representa um "enorme desafio" para África, num cenário de “recursos limitados”.

"Estamos a enfrentar múltiplos surtos no continente, o que gera necessidades simultâneas num contexto de recursos limitados", disse o chefe do Escritório Executivo do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o epidemiologista Ngashi Ngongo, numa conferência de imprensa, descrevendo o surto de Ébola como "um enorme desafio".

O surto da doença, declarado pelo Ministério da Saúde da RDCongo no dia 4 de setembro na província central de Kasai, já causou 16 mortes e 68 casos suspeitos, 20 dos quais foram confirmados, de acordo com os últimos dados do África CDC.

Após a declaração do surto, o diretor-geral da agência, Jean Kaseya, viajou para a RDCongo e reuniu-se com o ministro da Saúde, Samuel-Roger Kamba, para coordenar uma resposta.

"Houve consenso sobre as medidas-chave e sobre a necessidade de trabalhar juntos para alcançar uma contenção rápida", sublinhou Ngongo.

O surto está a afetar as zonas de Bulape e Mweka, em Kasai, e foram detetados casos suspeitos ainda em confirmação em duas novas localidades, levando Ngongo a alertar sobre um alto risco de propagação.

No entanto, especificou que o risco regional é moderado, especialmente para Angola, o país mais próximo, enquanto globalmente é considerado baixo.

Até agora, nove pacientes continuam hospitalizados, quatro deles em estado grave, enquanto as autoridades identificaram 401 contactos, dos quais 358 foram acompanhados.

Como parte da resposta, Ngongo assegurou que foram aplicadas medidas preventivas que incluem sepultamentos "seguros e dignos", para evitar que a população manipule cadáveres ou pertences de pessoas com casos suspeitos ou confirmados.

Protocolos de prevenção e controlo de infeções também estão a ser implementados, como a desinfeção de residências, espaços públicos e unidades de saúde, enquanto todos os contactos devem ser vacinados num prazo máximo de quatro dias.

O epidemiologista também destacou que a RDCongo tinha aproximadamente 2 mil doses da vacina contra o Ébola e já havia iniciado a campanha de imunização, com 68 profissionais da linha de frente vacinados até ao momento.

Este é o décimo sexto surto de Ébola declarado na RDCongo, país que faz fronteira com Angola, desde que o vírus foi detetado pela primeira vez em 1976, e o primeiro na província de Kasai desde 2008.

O Ébola é uma febre hemorrágica grave que se transmite por contacto direto com sangue ou fluidos corporais de pessoas e animais infetados, com uma taxa de mortalidade que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), oscila entre 60% e 80%.

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