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Covid-19: Cinco ex-ministros senegaleses começam a ser julgados por alegado desvio de fundos

LUSA
19-05-2025 19:37h

A antiga ministra senegalesa Ndèye Saly Diop compareceu hoje perante o Tribunal Superior de Justiça de Dacar, pelo alegado envolvimento no desvio de fundos públicos destinados à luta contra a covid-19 durante o Governo do ex-Presidente Macky Sall.

Diop, que dirigiu o Ministério da Mulher, da Família e da Criança entre 2017 e 2021, é acusada de ter desviado mais de 52 milhões de francos CFA (cerca de 79 mil euros), segundo um relatório do Tribunal de Contas Nacional.

Após o seu depoimento, foi colocada sob supervisão judicial e obrigada a pagar uma fiança de 57 milhões de francos CFA (cerca de 87 mil euros), tendo regressado a casa.

A audição de Diop marca o início de um processo judicial sem precedentes no Senegal, no qual, pela primeira vez, o Tribunal Superior — constitucionalmente autorizado a julgar membros do Governo por crimes cometidos no exercício das suas funções — começa a investigar casos iniciados pelo Governo do novo Presidente senegalês, Bassirou Diomaye Faye.

O caso faz parte da investigação do chamado “escândalo dos fundos covid”, desencadeado na sequência da publicação de uma auditoria do Tribunal de Contas Nacional que revelou graves irregularidades na gestão do fundo de resposta e solidariedade contra os efeitos da pandemia, dotado de mais de 1,5 mil milhões de euros.

Alguns desses recursos teriam sido mal administrados ou desviados por funcionários públicos, de acordo com o relatório.

Para além de Diop, quatro outros ex-ministros estão a ser investigados, incluindo Amadou Mansour Faye, o antigo responsável pelas infraestruturas, cuja audiência perante o Tribunal Superior está marcada para os próximos dias.

O caso gerou uma grande atenção por parte dos meios de comunicação social e reações mistas entre o público senegalês.

Enquanto os setores próximos ao novo Governo comemoram o que consideram um avanço na responsabilização, figuras da administração anterior, liderada por Sall (2012-2024), descrevem o caso como uma "caça às bruxas" politicamente motivada.

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