Os sindicatos dos trabalhadores da Função Pública dos setores da Educação e da Saúde na Guiné-Bissau suspenderem hoje a greve geral de sete dias a pedido do Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, disse à Lusa fonte oficial.
O anúncio da suspensão da greve foi feito pelo porta-voz da Frente Social, plataforma que junta os sindicatos dos dois setores, Yoyo João Correia, citando uma decisão tomada após um encontro realizado na sexta-feira com o Governo, sob o patrocínio de Sissoco Embaló.
“O Presidente pediu-nos a suspensão da greve para, dentro de uma semana, orientar o Governo a cumprir com os pontos do memorando de entendimento”, assinado no mês de março com a Frente Social, disse João Correia.
O porta-voz da Frente Social disse ainda à Lusa que a plataforma “demonstrou ao Presidente, ao Governo, que atua de boa-fé”, por isso decidiu conceder “benefício de dúvida, por uma semana”.
Yoyo João Correia avisou, no entanto, que se, dentro de uma semana, o memorando não for cumprido, a Frente Social, que hoje mesmo entregou ao Ministério da Função Pública um novo pré-aviso, voltará à greve de sete dias, “sem tréguas”.
“Poderemos voltar à greve a partir da próxima segunda-feira”, enfatizou o sindicalista, salientado que a greve “foi apenas suspensa e não levantada” como seria a pretensão das autoridades, às quais chama a atenção pelos incumprimentos do passado.
João Correia afirmou que a Frente Social demonstra a sua maturidade “ao aceitar, mais uma vez, dar o benefício de dúvida”, após três incumprimentos, por parte do Governo, do memorando que, entre outros pontos, exige o pagamento de 16 meses de salários aos novos ingressos nos dois setores (educação e saúde) e pagamento de um conjunto de subsídios em atraso aos professores e técnicos da saúde.
A Frente Social acordou também com o Governo a cessação de nomeações de responsáveis nos setores da saúde e educação apenas por critérios políticos e ainda a reintegração de centenas de técnicos expulsos do setor da saúde pública.
Há vários anos que os sindicatos dos dois setores, sob a coordenação da Frente Social, têm vindo a realizar greves gerais para exigir o cumprimento destes pontos.
Na quinta-feira passada, o Presidente guineense reconheceu a justeza das reivindicações da Frente Social, que considera uma organização de pressão, e instou o Governo a sentar-se à mesa das negociações para acabar com as greves nos setores da educação e da saúde.