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Professores na Argentina condenam possível encerramento de organismos científicos

Lusa
08-02-2025 00:45h

As organizações representativas de investigadores e professores universitários da Argentina contestaram o possível encerramento de organizações e universidades ligadas à ciência e à tecnologia pelo governo de Javier Milei.

“É inadmissível validar políticas de ajuste que condenam o país ao obscurantismo, ao negacionismo científico e à dependência tecnológica e económica externa”, afirmaram num comunicado a Federação de Professores Universitários (Fedun), a Federação de Sindicatos Universitários da América do Sul (Fesiduas) e a Federação Latino-Americana de Trabalhadores Científicos (Fedlatci).

As organizações expressaram a sua “mais firme rejeição do plano do governo de desmantelar o Conselho Nacional de Investigação Científica e Técnica (Conicet) e outros organismos para o desenvolvimento científico e tecnológico na Argentina”.

“Esta medida não é apenas um ataque direto à produção de conhecimento e à educação pública, mas também reflete uma abordagem regressiva que ignora o papel estratégico da ciência como motor de soberania e progresso”, afirmaram.

A declaração foi emitida quando se espera que nos próximos dias o governo publique um decreto para encerrar dezenas de organismos públicos, no âmbito do severo plano de ajustamento que o governo de Milei está a aplicar desde o final de 2023.

De acordo com o comunicado divulgado na quinta-feira, desde que Milei assumiu o cargo no final de 2023, 3.666 pessoas foram despedidas no setor da ciência, tecnologia e inovação da Argentina.

“A ciência e a tecnologia não são uma despesa, mas investimentos indispensáveis para enfrentar os desafios globais e garantir o desenvolvimento integral da nossa sociedade”, afirmam as organizações.

Perante este cenário, lançaram um apelo “urgente” à comunidade universitária e científica e à sociedade em geral “para que se mantenham alerta e mobilizados em defesa da investigação, da tecnologia e da educação pública”.

A Argentina anunciou também a saída da Organização Mundial de Saúde, um organismo que Milei considera “nefasto” e com que tem “divergências profundas”.

"Nós, argentinos, não vamos permitir que uma organização internacional intervenha na nossa soberania e muito menos na nossa saúde", disse o porta-voz da presidência Manuel Adorni.

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