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Governo guineense está a fragilizar serviços de apoio à população – Rede Saúde

LUSA
21-09-2022 14:39h

A Rede Saúde, grupo de organizações da sociedade civil e organizações não-governamentais guineenses que trabalham no setor, advertiu hoje que o Governo da Guiné-Bissau está a fragilizar os serviços de saúde e de apoio à população.

Em causa estão dois despachos do Governo guineense, nomeadamente o que suspende a contratação de mais de mil técnicos de saúde e um outro que suspende temporariamente as isenções aduaneiras às organizações não-governamentais e entidades religiosas.

“O despacho sobre a suspensão da contratação dos técnicos está a fragilizar os serviços de saúde que, por si, já eram frágeis. Com a redução daquele pessoal, alguns serviços deixam de ser prestados, outros são reduzidos ou em número, ou em frequência ou em qualidade e a população tem mais dificuldades de acesso aos cuidados, por um lado”, afirmou Isabel Almeida, secretária-executiva da Alternag e que falava à imprensa em nome da Rede Saúde.

Por outro lado, segundo Isabel Almeida, as “pessoas que ainda podem fazer algum esforço financeiro suplementar vão recorrer às estruturas privadas e as despesas de saúde vão aumentar para as famílias”.

“Aquelas que não podem fazer esse esforço só têm de se conformar ou com o agravamento do estado de saúde dos doentes ou com a perda desses membros, do falecimento”, lamentou.

Sublinhando que a Rede Saúde não tem ainda dados estatísticos para apresentar, Isabel Almeida disse que têm tido conversas com responsáveis e técnicos de centros de saúde e visitado vários serviços, que já apresentam constrangimentos.

“Nos serviços de emergência há só uma pessoa a atender, em outros as pessoas chegam a um estado de exaustão e têm de deixar os pacientes para o outro dia”, exemplificou a responsável.

A nível das isenções aduaneiras, Isabel Almeida explicou que as organizações planificaram o seu trabalho dentro do quadro legal em vigor e que os custos adicionais que representam o fim das isenções aduaneiras não estavam previstos.

“É uma situação muito complicada em que produtos e materiais previstos para prestar apoio à população vão estar em falta”, disse.

Questionado sobre se já tinham tentado falar com os ministros da Saúde e das Finanças, Isabel Almeida disse que foram enviadas cartas e que aguardam resposta para tentar abrir o diálogo.

“Os instrumentos que temos são o diálogo e a pressão e vamos vendo consoante o desenrolar da situação como adaptar as estratégias”, afirmou.

O ministro da Saúde da Guiné-Bissau, Dionísio Cumba, afirmou a semana passada que os processos dos técnicos de saúde estão a ser organizados da “melhor forma” e que não vai tomar medidas para prejudicar o setor.

“Em nenhum momento vou tomar medidas com espírito de prejudicar o sistema e muito menos os técnicos. O Governo tem consciência que os técnicos novos ingressos são importantes para o nosso sistema de saúde e está a criar mecanismos para organizar os seus processos da melhor forma”, disse Dionísio Cumba.

“A boa relação entre o Governo, os profissionais e as organizações de classe do setor da saúde é fundamental. Acreditem que todas as medidas tomadas pelo Governo é no sentido de corrigir o mal, para assim seguir o melhor rumo para o bem-estar da nossa população”, afirmou Dionísio Cumba.

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