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“Ao aceitar participar num ensaio clínico, o doente tem um papel ativo no avanço científico para além do acesso gratuito à medicação” – afirma AMPIF

CANAL S+ / VD
08-01-2021 13:14h

A Associação dos Médicos da Indústria Farmacêutica (AMPIF) continua empenhada em promover o maior número possível de ensaios clínicos em Portugal e pretende facilitar o acesso aos cidadãos.

Em entrevista ao Canal S+, Paula Jesus, presidente da AMPIF, garante que já se “percebeu há algum tempo que há cidadãos, familiares de doentes que gostavam de participar em ensaios clínicos, mas não sabem como.” Neste sentido, a Associação dos Médicos da Indústria Farmacêutica decidiu criar um serviço gratuito, através do envio de um simples mail, que será sempre respondido por um profissional de saúde.

Paula Jesus explica que a AMPIF fará “uma pesquisa e disponibilizará, a todos os interessados, informação personalizada sobre ensaios clínicos em Portugal e a nível europeu que estão a decorrer ou que vão decorrer brevemente”. A presidente da AMPIF recorda que “a decisão de participar num ensaio clínico deve ser sempre tomada em conjunto com o médico assistente”.

Em 2018, o INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde – autorizou 141 ensaios, mais 16% do que no ano anterior. As áreas terapêuticas mais abrangidas foram a oncologia, a neurologia e os anti-infeciosos, sobretudo os antivíricos (HIV, hepatite C). As estimativas apontam para uma participação de 2.300 a 2.500 doentes.

Paula Jesus garante que “há caminho para fazer nesta área” e aumentar o número de portugueses com acesso a terapias e medicamentos experimentais e inovadores através dos ensaios clínicos. A presidente da AMPIF não esconde que existem sempre riscos, mas não podemos esquecer que “o ensaio clínico é a entidade mais escrutinada em toda a medicina”, assegura.

Ao Canal S+, Paula Jesus explicou ainda que “muitos destes medicamentos, que ainda não estão comercializados ou são únicos, são moléculas que vêm colmatar falhas que existem em determinada doença”. Para a presidente da AMPIF existem ganhos para o doente, mas também para o sistema de saúde, dado que o acesso a estas novas terapias é, por um lado, facilitado prematuramente e, por outro, sem representar qualquer custo para o sistema de saúde.

Com vista a aumentar o número de ensaios clínicos em Portugal, o país passou a integrar a Rede Europeia de Investigação de Translação (EATRIS) em 2018.

Um estudo de 2019, para a APIFARMA, elaborado com a consultora PwC, evidencia que o impacto económico total dos Ensaios Clínicos na economia estimava-se em cerca de 87,3 milhões de euros. O documento afirmava ainda que “Cada euro investido na atividade de ensaios clínicos gera um retorno de 1,99 euros na economia portuguesa, sendo assim uma das atividades com maior retorno de investimento do país”.

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