A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou hoje que enfrenta um "sério défice de financiamento" para combater o novo surto de Ébola nas zonas mais remotas da República Democrática do Congo (RDCongo), tendo angariado apenas 1,5 milhões de euros.
Num comunicado hoje divulgado, a OMS diz que os 1,75 milhões de dólares (1,52 milhões de euros) angariados só vão durar mais umas semanas e alertou que a resposta é particularmente cara porque é muito difícil fazer chegar a ajuda a uma região florestal remota, como é o caso do norte da RDCongo.
"A resposta ao Ébola no meio da pandemia de covid-19 é complexa, mas não podemos permitir que o combate ao novo coronavírus nos distraia de tratar de outras ameaças sanitárias urgentes", disse a diretora regional para África da OMS, Matshidiso Moeti.
Desde que o novo surto foi declarado, a 01 de junho, na província do Equador, no nordeste do país, já morreram 20 pessoas, o que acontece numa altura em que o segundo surto mais mortal estava praticamente no fim.
O défice de financiamento ameaça minar os ganhos já alcançados, disse Matshidiso Moeti, lembrando que no último surto, em 2018, os agentes de saúde demoraram duas semanas a começar a dar vacinas, mas desta vez a vacinação começou quatro dias depois da declaração do surto.
Apesar da rapidez, as equipas de saúde da OMS enfrentam outra problemas no terreno, como por exemplo a reticência das populações em deixarem entrar estrangeiros nas suas aldeias, numa região fortemente ocupada por milícias.
Pelo menos 2.280 pessoas morreram de Ébola nos quase dois anos até 25 de junho, data em que foi a epidemia foi declarada extinta no nordeste do país.