A líder da IL afirmou hoje que o SNS está em “rutura absoluta e total” e precisa de uma “reforma profunda”, acusando o Governo de optar por “remendos” em vez de resolver os problemas estruturais.
Em declarações aos jornalistas após uma reunião com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em Lisboa, Mariana Leitão afirmou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está em “rutura total e absoluta” e a resolução dos problemas “já não vai lá com remendos”.
“Isto precisa de uma reforma grande”, afirmou, considerando que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, não tem “dado passos nesse sentido” e continua a “tentar medidas paliativas ou remendos que acabam por depois não resolver os problemas estruturais”.
Defendendo que o SNS precisa de dar “resposta em tempo útil às pessoas”, Mariana Leitão defendeu que, para o conseguir fazer, é preciso haver “mais autonomia, mais utilização da capacidade toda instalada do país – privado, social, todos os setores que podem prestar cuidados de saúde – e valorizar os profissionais de saúde”.
Sobre se a IL está preocupada com a capacidade de resposta do SNS durante o inverno, Mariana Leitão disse que sim, salientando que, sempre que há um período de picos nas urgências, criam-se planos de emergência, mas os problemas mantêm-se.
“As medidas vão sendo anunciadas, mas os problemas vão subsistindo e, portanto, continuamos a ver com alguma apreensão o que é que será este inverno”, afirmou, reiterando que, enquanto não houver uma reforma e se “parar com alguns dos dogmas de não poder contar com outros setores”, não se vai conseguir dar a resposta necessária.
Questionada sobre que medidas imediatas é que a IL defende, tendo em conta que as reformas demoram tempo a surtir efeitos, Mariana Leitão reiterou que se deve, desde já, “contar com a capacidade instalada” e não deve ser só “quando uma pessoa está à espera no máximo dos tempos possíveis e imaginários” que é reencaminhada para um hospital privado.
Por outro lado, a líder da IL sustentou que os hospitais precisam de ter autonomia de decisão para “poderem decidir aquilo que é melhor para a população que atendem e para os picos que estão a viver”, seja, por exemplo a nível de contratação de profissionais de saúde ou de aquisição de equipamento médico.
“Quando isto é tudo centralizado aqui no ministério, ou em Lisboa, e se está a tomar decisões que impactam diretamente todos os hospitais e todos os serviços de saúde por todo o país, não se está a ter uma noção real do que é que isso implica, seja em qualquer ponto do país”, referiu.
Relativamente à reunião que teve com o SIM, que tem organizado reuniões com os partidos desde as legislativas de maio, Mariana Leitão afirmou haver alinhamentos entre o sindicato e o seu partido, desde logo quanto à ideia de que é necessário haver “uma verdadeira valorização” dos profissionais de saúde.
“É fundamental para garantir que as pessoas têm vontade de trabalhar no SNS”, referiu, frisando que houve também consenso quanto ao reforço da autonomia decisória dos hospitais.
“Foi muito positivo vermos que o que temos defendido vai também ao encontro das necessidades que são identificadas pelo sindicato, que representa praticamente sete mil médicos”, referiu.