A Ordem dos Médicos decidiu instaurar um processo disciplinar à endocrinologista hoje detida no Porto por alegado envolvimento num esquema fraudulento de prescrição de medicação para diabetes a utentes que queriam perder peso.
Fonte da ordem adiantou à agência Lusa que o processo disciplinar vai decorrer no Conselho Disciplinar Regional do Norte.
A mesma fonte referiu ainda que foram pedidas às autoridades informações relevantes para a avaliação disciplinar que será agora feita pela Ordem dos Médicos.
Segundo anunciou a Polícia Judiciária (PJ), o alegado esquema de prescrição de medicação terá lesado o Estado em cerca de três milhões de euros, por via do pagamento de taxas de comparticipação obtidas de forma fraudulenta.
De acordo com a PJ, a médica detida é suspeita de “participar num esquema fraudulento, mediante o qual foi prescrita medicação destinada a tratar a doença diabetes mellitus tipo 2 a clientes de uma clínica, que dela não padecem e cujo fim único da prescrição seria a perda de peso”.
Fonte policial adiantou à agência Lusa que um dos locais alvo de buscas pelas autoridades é uma clínica situada no Porto onde a endocrinologista trabalhava.
Em causa estão crimes de burla qualificada e de falsidade informática.
Durante a operação, denominada de Obélix, foram realizadas buscas à residência dos principais suspeitos, a um escritório de advogados, a um estabelecimento de saúde e à sede de duas empresas, em Albufeira e no Funchal.
A PJ lembra que a comparticipação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para este tipo de medicação, como o Ozempic, “pode atingir os 95% do seu valor, se o doente for de facto diabético”.
A PJ acrescenta que foram mobilizados 40 operacionais para a operação Obélix, que decorreu nas cidades do Porto, de Vila Nova de Gaia, de Lousada, no distrito do Porto, em Santa Maria da Feira (Aveiro), em Albufeira (Faro) e no Funchal.
A médica detida vai ser presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.