Nove universidades de Portugal e da China lançaram hoje, em Macau, uma aliança para estudar como usar novas tecnologias, incluindo a inteligência artificial (IA), para garantir à população uma “longevidade saudável”.
O acordo foi assinado na Universidade de São José (USJ), da qual partiu a iniciativa de criar a Aliança para Inovação e Desenvolvimento em Tecnologias da Saúde para a Longevidade entre a China e os Países de Língua Oficial Portuguesa.
“Temos relações muito fortes com os países lusófonos. É natural que esta ideia tenha nascido aqui em Macau”, disse à Lusa o reitor da Academia para a Inovação e Desenvolvimento em Saúde e Longevidade Inteligentes da USJ, Dai Jianbiao.
Além da USJ, os fundadores da aliança incluem o campus da Universidade Médica de Zunyi em Zhuhai, cidade situada junto a Macau, e a Universidade Xinhua de Guangzhou, capital da vizinha província de Guangdong.
Do lado de Portugal, fazem parte a Universidade de Évora, a Universidade de Aveiro, a Universidade da Beira Interior, a Universidade do Minho, a Universidade do Algarve e a Universidade Católica Portuguesa.
Mas o vice-reitor para a Investigação, Inovação e Internacionalização da Universidade de Évora sublinhou que a aliança está aberta aos outros países lusófonos, com convite já feitos a instituições do Brasil e de Timor-Leste.
Apesar de admitir que, ao contrário de Portugal, os restantes países de língua portuguesa têm ainda populações relativamente jovens, Paulo Quaresma acredita que a aliança tem “um tema que é transversal”.
“Mesmo em países jovens como são esses, certamente há interesse em que os seus idosos possam viver mais e em melhores condições de saúde, que é esse, no fundo, o grande objetivo”, referiu o investigador.
A população de Macau está a envelhecer rapidamente, sobretudo devido à menor taxa de natalidade do mundo, enquanto a população da China continental diminuiu em 2024, pelo terceiro ano consecutivo.
“Na verdade, isto acontece em todo o mundo. Portanto, esta é a nossa mensagem, muito forte, para aos académicos: Devemos preocupar-nos com isso”, defendeu Dai Jianbiao.
Mas Paulo Quaresma sublinhou que a aliança quer também reunir empresas e outras instituições, tanto públicas como privadas, que possam complementar a pesquisa científica feita no meio académico.
Isto porque o objetivo final é “ter soluções reais que sejam transferidas para a sociedade e aí, sinceramente, ninguém melhor do que as empresas sabe depois chegar a todas as pessoas”, defendeu o investigador.
Quaresma mencionou, como exemplo de soluções tecnológicas que a aliança pode estudar, um conjunto de sensores, que com o recurso à IA, pode alertar para eventuais problemas de saúde de idosos que vivam sozinhos.
“Isso poderá permitir que as pessoas possam estar no seu ambiente, com a sua família, durante mais tempo, e que não tenham que estar deslocados, seja internados em hospitais, seja em lares”, explicou o académico.
Além disso, referiu Quaresma, a AI pode permitir que o tratamento médico seja personalizado, alargando algo que já é feito, através de análise genética, para alguns tipos de cancro.