Cuidadores e protetores de animais abandonados e a viver nas ruas de vários concelhos do país vão reunir-se em Lisboa no próximo domingo, para chamar a atenção para a escassez ou ausência total de medidas de esterilização.
Em declarações à agência Lusa, Margarida Garrido, da P’la Campanha Esterilização de Animais Abandonados, disse que o objetivo do encontro "Concelhos pelos animais! Esterilizar para Erradicar o Abandono" é "trazer a Lisboa pessoas ligadas aos animais de concelhos do país, para darem o seu testemunho do que passa nas suas regiões sobre as esterilizações de animais”.
De acordo com Margarida Garrido, na maioria dos concelhos não há esterilizações suficientes para controlar e erradicar o abandono dos animais.
“É urgente avançar com uma campanha nacional de esterilização que reúna as competências públicas e privadas para providenciar recursos a câmaras que não os têm e que não esterilizam ou o fazem de forma insuficiente, levando assim a esterilização gratuita a todos os concelhos do país, abrangendo animais com dono e a viver nas ruas, cães e gatos”, sublinhou.
Margarida Garrido destacou que “uma campanha de esterilização nestes moldes custa menos ao país do que construir canis para acolher um número crescente de animais abandonados, cuja manutenção é estimada atualmente em 110 milhões de euros por ano”.
“Para alterar esta situação, é preciso estancar a procriação, pois muitas das ninhadas de animais com dono são despejadas nas ruas, enquanto os animais que aí permanecem continuam a reproduzir-se”, alertou.
Esta responsável lembrou que o abate está proibido desde 2018, tendo sido instituída a esterilização para controlar a sobrepopulação.
“No entanto, a sua implementação tem sido incipiente e deixa um terço dos concelhos do continente de fora, sendo que em muitos outros as esterilizações são realizadas em número insuficiente para controlar e erradicar o abandono”, referiu.
Para Margarida Garrido, é urgente denunciar o facto de a proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2026 não responder aos problemas.
“É preciso alterar a política pública, e nomeadamente o artigo 108 da proposta de OE do Governo para 2026, de forma que a esterilização seja estendida a todos os concelhos, com os apoios necessários para que tal aconteça”, disse.
Segundo Margarida Garrido, têm de se adaptar os dinheiros públicos à realidade.
“As câmaras têm de ser acompanhadas pela tutela, ajudadas no sentido de estruturar uma campanha de esterilização”, indicou.
O encontro “Concelhos pelos animais” vai decorrer no domingo, entre as 11:00 e as 18:00, no Terreiro do Paço, em Lisboa.