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Bebé nasce em ambulância e eleva para 15 os partos assistidos pelos bombeiros da Moita

Lusa
06-10-2025 15:14h

Uma bebé nasceu hoje numa ambulância a caminho do Hospital de Almada, elevando para 15 o número de partos a que os bombeiros da Moita prestaram assistência só este ano, adiantou o comandante Pedro Ferreira.

Segundo referiu à Lusa, na madrugada de hoje, os bombeiros voluntários do concelho da Moita foram acionados para “um parto eminente na Baixa da Banheira”, tendo o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) indicado que o transporte da grávida seria para o Hospital Garcia de Orta, em Almada.

“Perguntamos ao CODU qual era o hospital de referência, uma vez que a maternidade do Hospital do Barreiro, que estava a cinco minutos, estava encerrada, e fomos para o Garcia de Orta. Na A33, junto a uma área de serviço, verificou-se que tínhamos de parar e fazer a assistência ao parto”, referiu o comandante.

A assistência foi assegurada pelos próprios bombeiros, não tendo sido acionada a viatura médica de emergência e reabilitação (VMER) para este caso, referiu Pedro Ferreira, ao salientar que o número de partos nas ambulâncias da Moita “aumentou substancialmente” este ano, sendo já 15.

O comandante alertou ainda que, quando as ambulâncias da Moita têm de se deslocar para Almada ou para Lisboa para o transporte de grávidas, “é menos um meio” que fica para socorrer uma população de cerca de 70 mil pessoas no concelho.

“Há duas ou três semanas, duas ambulâncias nossas, a meio da noite, tiveram de ir para Lisboa com duas grávidas e isso faz com que desguarneça o nosso concelho, e isso não deveria acontecer”, realçou.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) enviados à Lusa, o número de partos em ambulâncias, só entre 01 de janeiro e 14 de setembro, já ultrapassou o total registado nos três anos anteriores.

Verificaram-se 25 partos em ambulâncias em 2022, 18 em 2023 e 28 em 2024, mas, até 14 de setembro deste ano, o INEM já tinha registo de 32, a que se somam mais dois assistidos pelos bombeiros da Moita nas últimas semanas.

Além da bebé que nasceu esta madrugada na A33, os bombeiros da Moita prestaram assistência a um outro parto, em 28 de setembro no IC21, quando a ambulância estava a caminho do Hospital de Almada.

Os dados do INEM indicam que, entre 01 de janeiro e 14 de setembro, já se registaram 154 partos num contexto pré-hospitalar, ou seja, em ambulâncias, na via pública e no domicílio da grávida.

Nestas situações ocorreram 169 partos em 2022, 173 em 2023 e 189 em 2024, a grande maioria dos quais no domicílio, refere o INEM, que salienta que os partos em ambiente pré-hospitalar sempre se verificaram, “sendo vários os motivos para a sua ocorrência, desde logo a chamada tardia para o 112 e situações em que o parto já era iminente na altura da chamada, entre outros”.

Em 2024, ocorreram um total de 84.059 partos em Portugal, indica o Instituto Nacional de Estatística.

Os hospitais da Península de Setúbal são os que têm registado maiores constrangimentos, devido à falta de profissionais para completarem as escalas de obstetrícia e ginecologia, levando ao recorrente encerramento temporário dos serviços de urgência.

Para resolver este problema, o Governo pretende criar, a curto prazo, uma urgência regional de obstetrícia, com o Hospital Garcia de Orta a funcionar em permanência e o de Setúbal a receber casos referenciados pelo SNS 24 e o INEM.

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