Os deputados do PS eleitos pelo círculo de Leiria questionaram a ministra da Saúde sobre o novo Hospital do Oeste, alegando que declarações contraditórias de candidatos autárquicos põem em causa a transparência do processo.
“Nos últimos dias, no contexto da campanha autárquica, surgiram declarações públicas relativas ao futuro Hospital do Oeste que levantam preocupações quanto à transparência e ao rigor técnico do processo de decisão”, afirmam os deputados Catarina Louro e Eurico Brilhante Dias numa pergunta dirigida hoje à ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
No texto entregue na Assembleia da República (AR) alegam que “as afirmações oficiais do Governo contrastam com o que foi divulgado pelos candidatos da coligação “Mais Bombarral” (PSD/CDS-PP/IL) e da AD (coligação PSD/CDS-PP) nas Caldas da Rainha.
Em 2023, o então ministro da Saúde, Manuel Pizarro (PS), anunciou que o novo hospital do Oeste seria construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, no distrito de Leiria.
Em outubro de 2024, numa reunião com os 12 autarcas da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Oeste, a ministra da Saúde informou que o concurso para o hospital deveria ser lançado “durante o primeiro semestre de 2025”.
Por sua vez, o presidente da CIM, Pedro Folgado (PS), disse na altura à agência Lusa que o Ministério da Saúde não tinha ainda decidido a localização nem o modelo de financiamento do hospital.
O Governo inscreveu, pela primeira vez, 265,1 milhões de euros para o novo hospital do Oeste no Orçamento do Estado (OE) para 2025.
Na pergunta, os deputados consideram contraditório que a coligação “Mais Bombarral” tenha divulgado 'outdoors' com a mensagem: “Hospital do Oeste no Bombarral?”, alegando que “só esta coligação está próxima do Governo para construir aqui. O seu voto decide”.
Paralelamente, estranham também que o candidato da AD à Câmara das Caldas da Rainha, Hugo Oliveira, tenha afirmado que “a localização do novo Hospital do Oeste deverá situar-se entre Caldas da Rainha e Óbidos”.
Os socialistas atribuem ainda a Hugo Oliveira alegações de que o anúncio do novo hospital “em dezembro de 2024 não aconteceu devido a razões políticas”, referindo que este candidato terá garantido que “será feito um novo estudo de localização, resultante, na sua perspetiva, de forte influência política”.
Estas declarações “contrastam com as afirmações oficiais da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, em outubro de 2024”, pode ler-se na pergunta em que os socialistas lembram que “também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, declarou que a construção do Hospital do Oeste era “uma prioridade” do Governo” e que seriam assegurados “todos os procedimentos com vista à sua concretização”.
Contudo, acrescentam, “à data, não é conhecido qualquer avanço material no processo, nem decisão formal sobre localização, cronograma, financiamento ou modelo de execução, o que levanta dúvidas quanto à verdadeira intenção do Governo relativamente à concretização desta infraestrutura essencial para a região”.
Assim, questionam em que ponto concreto se encontra o processo de decisão sobre a localização e o lançamento do concurso para o novo hospital, bem como quais os motivos do atraso face ao calendário anunciado.
Querem ainda saber se o Governo confirma a localização prevista, no Bombarral, ou se está a reconsiderar alternativas.
Por último, questionam qual é "a verdadeira intenção do Governo" relativamente à construção do novo hospital, incluindo o calendário, o modelo de financiamento e a sua integração na rede hospitalar nacional.
O novo hospital deverá substituir as unidades das Caldas da Rainha e de Peniche, no distrito de Lisboa, e de Torres Vedras, no distrito de Lisboa e servir cerca de 300 mil habitantes destes concelhos e dos de Bombarral, Cadaval e Lourinhã.