Angola registou este ano mais de 6.000 casos de sarampo, doença com um índice de vacinação muito baixo devido a tabus, avançou hoje a coordenadora do Programa Nacional de Imunização.
Alda de Sousa disse que, de janeiro até à presente data, as províncias de Luanda, Uíje, Bié e Lunda Sul foram as mais afetadas por casos de sarampo, “uma doença altamente contagiosa”.
“A nível nacional identificamos 6.472 casos de sarampo de janeiro até à presente data. As províncias com maior incidência são Luanda, Uíje, Bié e Lunda Sul, mas isso não significa dizer que as outras províncias não tenham casos de sarampo”, disse Alda de Sousa em declarações à Rádio Nacional de Angola.
A responsável salientou que atualmente a cobertura de vacinação de rotina contra o sarampo é superior a 70% e que o o objetivo é aumentar esta taxa.
“O país tem um plano de resposta para uma campanha nacional de vacinação, entretanto, temos estado a implementar campanha de vacinação de bloqueio nos locais em que os casos têm sido confirmados laboratorialmente”, referiu.
Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunização, o grande desafio é elevar as coberturas das campanhas de vacinação, intensificar a vigilância epidemiológica e a mobilização das comunidades.
De acordo com a responsável, “infelizmente”, o sarampo em Angola é ainda “uma doença com tabus”.
“Muitos pais, sobretudo na área periurbana rural pensam que as crianças obrigatoriamente têm que adoecer com sarampo”, referiu Alda de Sousa, salientando que ainda há situações em que muitas pessoas sabendo que o filho do vizinho contraiu esta doença promovem o contacto entre as crianças, “porque têm em mente que quanto mais cedo adoecer melhor é”.
“Temos situações também que não levam aos hospitais, amarram uma fita vermelha no pulso da criança, que também é vestida de roupa vermelha e só depois de verem que a criança está [em estado] grave só assim levam ao hospital. Esse é um comportamento errado que nós continuamos a verificar no seio da população”, acrescentou.
Em julho deste ano, a representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola reportou a existência de um surto de sarampo na província do Cuanza Sul, na altura, com uma média diária de oito internamentos no Hospital Pediátrico do Sumbe.
A OMS realça que o sarampo é uma doença viral altamente contagiosa que pode causar complicações graves, como pneumonia, diarreia grave, encefalite e, em casos extremos, levar à morte, especialmente entre crianças pequenas e pessoas não vacinadas.
“Embora prevenível com uma vacina segura e eficaz, o sarampo continua a representar um risco significativo em contextos com baixa cobertura vacinal”, destaca a organização das Nações Unidas.