Pelo menos 80 pessoas morreram desde 2022 até ao primeiro semestre deste ano por suicídio na província de Inhambane, sul de Moçambique, com o Governo a avançar com plano de ação para travar os casos.
“Tivemos no primeiro semestre de 2025 casos registados oficialmente nove pessoas, na sua maioria jovens”, disse a secretária do Estado na província de Inhambane, Benedita Lopes, assinalando hoje o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.
Segundo a responsável, os nove casos de suicídio deste ano foram registados nos distritos da Massinga, Funhalouro e Govuro.
Os dados do serviço provincial de assuntos sociais da província de Inhambane, consultados pela Lusa, indicam que 71 pessoas morreram por suicídio entre 2022 e 2024, sendo que mais casos foram registados nos distritos de Inhambane (12), Maxixe (11) e Govuro (09), com as autoridades locais a apontarem para “uma tendência de aumento de casos”.
“O fenómeno, embora seja antigo, tem ganhado novos contornos nos últimos anos e as suas motivações não são uniformes e nem correlacionáveis”, avança-se no documento do Governo daquela província.
No mesmo documento, o executivo local adianta estar preocupado com estes números, pedindo ações concretas do setor público e privado e organizações que lidam com os direitos humanos e saúde pública para travar os casos.
A secretária do Estado da província disse hoje que muitos dos casos são causados por motivos passionais, apostas desportivas, feitiçaria, bruxaria e o abandono familiar.
“A estratégia com o Governo para travar estes casos é garantir a existência de estudos científicos através das Universidades e pesquisas de instituições que vão nos ajudar a aproximar às populações, levando palestras, sensibilização”, disse a secretária do Estado, avançando que as autoridades provinciais querem criar uma base de dados para a sistematização dos casos.
Outra estratégia para mitigar os casos é avançar com um plano provincial de prevenção e combate aos suicídios, que inclua ações concretas para lidar com as causas de suicídio.
Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que o suicídio continua a ser uma “consequência devastadora, ceifando cerca de 727 mil vidas só em 2021” e é uma das principais causas de morte entre os jovens de todos os países e contextos socioeconómicos, de acordo com os relatórios.
O mesmo documento indica que, apesar dos esforços globais, o progresso na redução da mortalidade por suicídio é insuficiente para atingir os objetivos das Nações Unidas, que prevê uma redução de um terço nas taxas de suicídio até 2030, mas, com a trajetória atual, apenas será atingida uma diminuição de 12% até esse prazo.