As medidas implementadas pelo TikTok e YouTube para conter conteúdo associado a distúrbios alimentares e automutilação são insuficientes, alertou o Centro de Combate ao Ódio Digital, que responsabiliza a influência dos algoritmos na amplificação do conteúdo prejudicial.
De acordo com uma investigação do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH - Center for Countering Digital Hate, em inglês), o algoritmo do TikTok envia conteúdo relacionado com distúrbios alimentares e automutilação para adolescentes minutos após a sua inscrição na plataforma.
“Um utilizador padrão de 13 anos recebeu conteúdo de suicídio em 2,6 minutos e conteúdo de transtorno alimentar em oito minutos”, sendo que para “contas identificadas como vulneráveis, essa exposição disparou: esses adolescentes receberam conteúdo de automutilação 12 vezes mais do que um utilizador comum”, refere o centro de investigação.
O documento salienta que o algoritmo do TikTok “é um sistema projetado para fisgar os utilizadores por qualquer meio necessário”, salientando que a recente eliminação de mais de meio milhão de conteúdos associados à 'hashtag' "#SkinnyTok", não corrige o algoritmo.
A tendência "SkinnyTok" do TikTok contou com mais de meio milhão de publicações, com muitos vídeos a incentivarem a perda de peso e com mensagens indutoras de culpa que reforçavam imagens corporais tóxicas, levando inclusive os reguladores europeus a alertarem para o impacto negativo da tendência na saúde mental dos jovens utilizadores.
Além disso, os investigadores detetaram também que no YouTube um em cada três vídeos recomendados pela plataforma para um jovem de 13 anos contêm conteúdo sobre transtorno alimentar, “quase dois terços eram sobre distúrbios alimentares ou perda de peso”.
Apesar da União Europeia (UE) ter em prática a proteção de menores, através da lei dos serviços digitas (DSA), nos últimos meses a Comissão Europeia emitiu pedidos de orientação e informação dirigidos aos sistemas de recomendação das plataformas e ao seu impacto nos utilizadores jovens.
Recentemente, o TikTok afirmou remover 98% do conteúdo prejudicial à saúde mental, depois do jornal The Guardian ter analisado os 100 principais vídeos com conselhos sobre saúde mental na rede social, concluindo que mais de metade dos vídeos com mais visualizações na plataforma tem informação incorreta.
A plataforma relembrou ainda que colabora com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para fornecer informações precisas e encaminhar os utilizadores para fontes fiáveis.