As autoridades moçambicanas disseram hoje que um total de 144 mil pessoas estão em situação de emergência no país e a necessitar de apoio, havendo também 114 mil crianças em desnutrição aguda.
"Os resultados da projeção de pós-choque mostram que, das cerca de dois milhões de pessoas dos distritos avaliados, 144.000 estão em situação de emergência, necessitando de um apoio", disse Judite Mussácula, secretária executiva do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (Setsan), em Maputo.
Segundo a responsável, que falava à margem do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, foram avaliados 24.400 agregados familiares em pelo menos 66 (dos 154) distritos moçambicanos.
Judite Mussácula referiu que vários distritos e províncias têm estado a apoiar as populações necessitadas e os hospitais também estão preparados para dar assistência, para que não haja situações "mais complicadas".
"Nós vamos continuar a monitorizar para que não sejam questões mais graves", disse Mussácula, referindo que a avaliação nos distritos apontou também para 114.000 crianças em desnutrição aguda.
"São 114.000 crianças dos 6 aos 59 meses de idade que estão em desnutrição aguda nos últimos dois meses e necessitam de uma assistência de saúde", disse a secretária executiva, referindo haver esforços para melhorar os indicadores de desnutrição em crianças em Moçambique.
O Governo moçambicano lançou, em 20 de junho, uma nova estratégia de segurança alimentar com que pretende reduzir a desnutrição crónica infantil no país, que tem sido agravada pelas alterações climáticas nos últimos anos.
A estratégia visa “ter uma agricultura saudável, nutritiva e em escala que possa resolver o problema alimentar do país”, disse, naquela data, Roberto Albino, ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, ao lançar a nova Política e Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (PESAN).
O país tem avançado na redução da insegurança alimentar, mas a desnutrição crónica, especialmente em crianças menores de 5 anos, ainda permanece elevada, afetando 37% deste grupo populacional, segundo os dados do Governo divulgados em 2023.
De acordo com dados do Setsan, ao longo dos últimos dez anos a taxa de desnutrição crónica em crianças menores de 5 anos de idade baixou de 43% (2013) para os atuais 37% (2023), níveis considerados ainda muito altos quando comparados com as recomendações da Organização Mundial da Saúde.
Grupos de organizações da sociedade civil no país têm alertado para a urgência no combate à desnutrição infantil em Moçambique, situação agravada por fatores climáticos e de segurança.