Sete em cada 10 portugueses consideram que a saúde mental e física são tratadas de forma desigual no sistema de saúde, valor apenas superado por Espanha, Hungria e Bulgária, segundo um estudo realizado em 22 países europeus.
Segundo o ‘STADA Health Report 2025’, 60% dos europeus inquiridos pensam que a saúde mental e física não são tratadas de forma igualitária nos sistemas de saúde dos seus países, uma perceção particularmente forte em Espanha (78%), Hungria e Bulgária (76% cada) e Portugal (70%), contrastando com a Suíça (40%) e Uzbequistão (47%).
No geral, 64% dos europeus descrevem a sua saúde mental como "boa", especialmente na Roménia (84%), Bulgária (80%), Sérvia, Suíça (74%) e França (71%), mas dois terços já tiveram sintomas de ‘burnout’ pelo menos uma vez, sendo as mulheres (71%) e as pessoas com menos de 35 anos (75%) as particularmente afetadas.
“Pessoas que enfrentam desafios de saúde mental têm três vezes menos probabilidades de afirmar que vivem de forma saudável (19%) do que aquelas com boa saúde mental (62%)”, salientam os investigadores, defendendo sistemas de apoio mais eficazes, sendo que “a representação igualitária da saúde mental e física poderia ser um primeiro passo na direção certa”.
O estudo aponta, por outro lado, que, apesar de uma maior consciencialização sobre a importância de estilos de vida saudáveis, apenas metade dos europeus diz conseguir mantê-la.
Problemas motivacionais, pressão financeira, saúde mental fragilizada e o acesso desigual aos cuidados são alguns dos obstáculos identificados pelos investigadores.
Embora a satisfação com os sistemas de saúde tenha estabilizado comparativamente com os anos anteriores, atingindo agora uma média de 58%, apenas metade dos inquiridos (51%) se sente confortável em afirmar que no seu país todos têm acesso igualitário aos cuidados e serviços médicos, e 44% consideram o seu sistema "injusto".
“Mesmo nos países com maior satisfação geral com a saúde, como a Bélgica e a Suíça (81% cada), há uma lacuna significativa em relação à justiça, sendo que apenas 63% e 68%, respetivamente, acreditam que o sistema de saúde do seu país seja justo”, salienta em comunicado a empresa farmacêutica STADA, promotora do estudo.
Além disso, apenas 15% dos europeus acreditam na capacidade do sistema de saúde do seu país para fornecer os cuidados necessários em caso de doenças graves.
Apesar dessa visão geral a confiança nos profissionais do sistema de saúde continua forte. Médicos de família (69%) e farmacêuticos (58%) continuam a ser os profissionais de saúde mais confiáveis no setor, muito à frente do Google (20%), da Inteligência Artificial (15%) e dos influenciadores de saúde ‘online’ (11%).
De acordo com o estudo, 96% dos inquiridos afirmam que um estilo de vida saudável é importante, com 72% a integrarem regularmente nas suas vidas hábitos de prevenção em saúde, como exercício físico, suplementação e alimentação saudável.
Dois terços dizem fazer algum ou todos os exames de rastreio e de prevenção de doença, o que reflete uma subida de 5 pontos percentuais em comparação com 2023.
A investigação, a que a agência Lusa teve acesso, refere também que, apesar de 87% dos europeus reconhecerem os benefícios de uma alimentação saudável, apenas 57% agem com base nesse conhecimento.
A Espanha, que está entre os três países com a maior convicção de que uma alimentação saudável pode ter benefícios preventivos para a saúde (93%), tem a maior proporção de pessoas que comem de forma saudável (73%).
Os “defensores mais ferrenhos” de uma alimentação saudável, Roménia (94%) e Portugal (93%), apresentam a maior dissonância cognitiva, com uma diferença de 34 pontos percentuais entre aqueles que entendem que uma alimentação saudável é importante e aqueles que agem de acordo com essa convicção.
O inquérito ‘online’ foi realizado pela Human8 em fevereiro e março e contou com amostras entre 1.000 e 2.000 inquiridos, entre os 18 e os 99 anos, em cada país.