Cabo Verde entra hoje em "situação de contingência", por três meses, para travar o risco de uma nova epidemia de dengue e o regresso da malária, com a aproximação da época das chuvas, anunciou o Governo.
A medida, aprovada em Conselho de Ministros, visa "prevenir e mitigar o potencial de risco de propagação da dengue e de reintrodução do paludismo [malária], com a aproximação da época das chuvas [julho] e dos seus efeitos na proliferação dos vetores transmissores", lê-se em comunicado.
Em determinados bairros, "persistem situações críticas" de saneamento básico e "a densidade dos ovos e de mosquitos adultos atinge níveis muito superiores aos recomendados pela Organização Mundial de Saúde", aponta a resolução.
Durante o período de contingência, serão reforçadas as ações de controlo vetorial, a limpeza urbana e desinsetização, bem como campanhas de sensibilização e vigilância sanitária nos portos, aeroportos e centros de saúde.
Também está prevista a mobilização antecipada de meios humanos, logísticos e financeiros, incluindo o acionamento do fundo nacional de emergência.
A coordenação do dispositivo ficará a cargo do Ministério da Saúde, através das delegacias, com o apoio da Proteção Civil e Bombeiros.
A duração da situação de contingência poderá ser prolongada, dependendo da evolução epidemiológica.
A última epidemia de dengue em Cabo Verde eclodiu em novembro de 2023, com um pico entre julho e outubro de 2024, sobretudo na capital, Praia (ilha de Santiago) e ilha do Fogo.
No total, causou cerca de 19.000 infeções e oito mortes.
A presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) de Cabo Verde, Maria da Luz Lima, propôs, em março, a declaração do fim da epidemia, classificando a situação como "controlada", mas considerando importante manter uma vigilância constante, uma vez que o mosquito transmissor da doença continuava a reproduzir-se, embora em menor escala.
Em 2009, o país já tinha enfrentou outro surto, com 21.000 casos e seis óbitos, todos na ilha de Santiago.
A dengue, transmitida por mosquitos, é uma doença curável, mas que requer assistência médica.
Os sintomas incluem febre, dores de cabeça, musculares e nas articulações, podendo evoluir para formas graves como a dengue hemorrágica, que pode ser fatal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) certificou Cabo Verde como um país livre de malária, em janeiro de 2024, "uma conquista significativa na saúde global", indicou na altura
O país lusófono juntou-se a um grupo de 43 países e um território ao qual a OMS já atribuiu a certificação, sendo o terceiro país a recebê-la na região africana da OMS (a par das Maurícias e Argélia, certificados em 1973 e 2019, respetivamente).