A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde pediu hoje uma estratégia nacional após o estudo da Entidade Reguladora da Saúde ter revelado que quase 80% dos utentes desconhecem os seus direitos no acesso à saúde.
“É fundamental que o Governo, as instituições de saúde, a academia, as escolas, os grupos comunitários e entidades públicas e privadas trabalhem de forma conjunta e estratégica para aumentar os níveis de literacia em saúde no país”, adiantou, em comunicado, a presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS), Cristina Vaz de Almeida.
De acordo com o estudo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), foi possível observar que 20,3% dos utentes, com idade igual ou superior a 18 anos, apresentaram literacia global inadequada, enquanto 58,2% exibiram um nível problemático, totalizando 78,5%.
“Precisamos de vontade política efetiva e de trabalho com os decisores para intervenções que integrem não apenas a saúde, mas também o setor social, a educação e a cultura. Temos mesmo de colocar a literacia em saúde como uma prioridade nacional”, sublinha a líder da SPLS.
Para Cristina Vaz de Almeida, é urgente “uma resposta estruturada e articulada entre os diferentes setores da sociedade portuguesa”.
“Este é um apelo claro à ação e ao trabalho conjunto coordenado de vários ‘stakeholders’. Não se pode apenas dizer que se faz literacia em saúde, pois este investimento tem de ser baseado em modelos científicos que devem ser seguidos e respeitados. Há modelos específicos para que a intervenção na mudança de comportamento funcione”, salienta.
O organismo lembra, no entanto, que os resultados melhoraram em relação a 2017, mostrando que existem menos portugueses com níveis de literacia inadequada ou problemática.
Em 2017, 61,5% dos utentes apresentaram um nível de literacia inadequado e 33,2% um nível problemático, perfazendo 94,7%.
A SPLS considera que esta evolução vai também ao encontro do trabalho feito pela sociedade em projetos de capacitação, produção de conhecimento e de sensibilização nos últimos anos.
Cristina Vaz de Almeida realça que “não basta informar a população” e que “é urgente formar também os profissionais de saúde em comunicação clara e linguagem acessível, centrada no cidadão”, acrescentando que a SPLS está disponível para um “debate claro e orientador”.
“Estas mudanças devem ser acompanhadas pela consulta de entidades e de especialistas com experiências nesta área”, conclui.