A Organização Mundial de Saúde (OMS) admitiu hoje que todas as hipóteses sobre a origem da covid-19 “continuam em aberto”, salientando que a China, onde os primeiros casos foram relatados, não forneceu todas as informações à instituição.
“Continuamos a pedir à China e a qualquer outro país que tenha informações sobre a origem da covid-19 que as partilhe abertamente com o objetivo de defender o mundo contra futuras epidemias”, indicou Tedros Adhanom Ghebreyesus aos jornalistas, após a apresentação de um relatório de especialistas sobre a origem da pandemia.
“Todas as [quatro] hipóteses continuam em aberto, incluindo uma transmissão zoonótica [de animais para humanos] ou uma fuga laboratorial de vírus”, indicou Tedros, insistindo que, no estado atual das coisas, “todas as hipóteses devem permanecer em aberto”.
“A OMS, porém, reconhece que a China partilhou algumas [...] informações, mas não todas as que solicitámos”, referiu.
O relatório, elaborado pelo Grupo Consultivo Científico da OMS sobre as Origens de Novos Agentes Patogénicos (SAGO), não conseguiu chegar a uma conclusão sobre a covid-19.
A questão de saber se a Covid-19 escapou acidentalmente de um laboratório ou se propagou de um animal para o ser humano continua a ser debatida.
Parte da comunidade científica inclina-se para a tese de uma transmissão ao homem através de um animal intermediário, provavelmente infetado por um morcego.
Da mesma forma, algumas agências norte-americanas, como o FBI (serviços secretos internos dos Estados Unidos) ou o Ministério da Energia, apoiam a hipótese de uma fuga do laboratório com vários graus de certeza, enquanto outros organismos de inteligência inclinam-se para a origem natural.
“Nos últimos cinco anos, aprendemos muito sobre a covid-19, mas ainda há uma questão crucial sobre a pandemia que não respondemos: como ela começou”, frisou Tedros.
“É essencial compreender como um surto epidemiológico, uma epidemia ou uma pandemia começa para prevenir surtos futuros. É também um imperativo moral para o bem daqueles que perdem a vida por causa delas", observou.
Tedros lembrou que a pandemia da covid-19 foi a emergência de saúde mais grave do último século, que causou a morte a “cerca de 20 milhões de pessoas” e afetou duramente a economia mundial.
“E não podemos falar da covid-19 no passado. Embora a crise tenha passado, o vírus permanece. Continua a evoluir, continua a matar e milhões de pessoas continuam a viver com 'covid longa'”, avisou.
Até 25 de maio deste ano, segundo a OMS, foram detetados quase 800 milhões de casos confirmados em 231 países e territórios.