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Eleições: Ordem desafia candidatos a colocar saúde oral nas prioridades políticas

LUSA
20-03-2025 10:35h

A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) desafiou hoje os candidatos às eleições legislativas e autárquicas a colocar a saúde oral nas prioridades políticas, com medidas concretas para combater as desigualdades no acesso à medicina dentária.

"Investir na saúde oral é investir no bem-estar, na economia e na coesão social. A saúde oral não pode continuar a ser um tema secundário nas políticas públicas”, alertou o bastonário da OMD, Miguel Pavão, no Dia Mundial da Saúde Oral.

O bastonário avisou que, “quem pretende liderar o país e as autarquias, tem de assumir um compromisso e assumir as responsabilidades pelo falhanço das atuais políticas".

Com este repto, “que surge num momento de renovação política nacional e local”, a OMD realçou a importância de “um compromisso concreto nos programas eleitorais, tanto legislativos quanto autárquicos, para assegurar que a saúde oral deixa de ser um privilégio e passe a ser um direito efetivo para todos os portugueses”.

Lembrou que a Organização Mundial da Saúde estabeleceu metas globais para 2030, incluindo garantir que 80% da população tenha acesso a serviços essenciais de saúde oral e reduzir a prevalência das principais doenças orais em 10%.

“Para que estas metas sejam cumpridas é fundamental o envolvimento de todos, com Estado e as autarquias a assumirem as responsabilidades pelo seu incumprimento”, salienta.

Para a OMD, “é importante que os futuros deputados e governantes não desperdicem o conhecimento e o trabalho já desenvolvidos para a concretização de um plano nacional robusto que integre a medicina dentária nos cuidados primários do Serviço Nacional de Saúde”.

Defendeu a criação de incentivos para fixar médicos dentistas e que se aproveite a capacidade instalada em todo o país em parceria com uma rede única de consultórios.

No plano local, a Ordem desafia as autarquias a incluir nas respetivas estratégias municipais de saúde medidas concretas para a saúde oral, assim como reforçar a prevenção e a literacia, através da reintrodução da escovagem dentária nas escolas, realização de rastreios e apoio a grupos vulneráveis.

A OMD recordou as conclusões do 9.º Barómetro da Saúde Oral 2024 que, afirmou, “faz um retrato que envergonha os decisores políticos, quando existem mais de 300 mil pessoas a dizer que não têm dinheiro para realizar pelo menos uma consulta de medicina dentária”.

Apontou como outro indicador a que os decisores políticos devem estar atentos o acesso à saúde oral através do SNS, com 98,2% dos inquiridos a consideram importante e/ou muito importante que isto aconteça.

Citou também o relatório da OCDE ‘Health at a Glance: Europe 2024’, que apresenta Portugal como o terceiro país da União Europeia com mais necessidades dentárias não satisfeitas por motivos financeiros. Piores só Letónia e Grécia.

De acordo com o mesmo documento, o cenário agrava quando se analisa apenas a população com menores rendimentos, em que Portugal passa a segundo pior país atrás da Grécia.

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