A Associação Nacional dos Estudantes de Medicina (ANEM) defendeu hoje que o reforço da ação social no Ensino Superior deve ser acompanhado por políticas que evitem o aumento dos custos de frequência nas universidades, exigindo medidas que apoiem os estudantes.
“É fundamental reforçar a ação social, mas precisamos de medidas estruturais que respondam às reais dificuldades dos estudantes”, salientou o presidente da ANEM, Paulo Peres Simões, citado em comunicado.
O responsável sustentou que “é necessário ponderar de forma adequada os encargos específicos para os estudantes de cada ciclo de estudos, como é o caso da Medicina”.
Em declarações à Lusa, Paulo Peres Simões explicou que “o alojamento é das principais barreiras” ao Ensino Superior, mas há outras despesas adicionais, como refeições e materiais obrigatórios.
“Relativamente ao alojamento, no caso de Medicina, temos estágios obrigatórios que nem sempre estão na cidade-sede da Escola Médica e o estudante tem que se deslocar pelos próprios meios, a maioria das vezes, até à instituição onde vai fazer o estágio”, disse.
O presidente da ANEM vincou que um estudante deslocado, por exemplo, tem de pagar dois alojamentos: o da cidade-sede da Escola Médica e o da localização do estágio.
“Tem que haver uma adaptação a estes custos que são particulares de cada estágio”, salientou.
A ANEM considera que o reforço da ação social deve “ter em atenção os diferentes encargos inerentes a cada área de estudo”, bem como as especificidades regionais nos custos de vida.
A associação lamenta que no curso de medicina os encargos adicionais pesem de forma significativa no orçamento dos estudantes.
Em causa, estão despesas com deslocação, alojamento e alimentação nos locais de estágio fora da cidade-sede da Escola Médica, e custos com material essencial, como equipamentos de proteção individual, estetoscópios e bibliografia de apoio.
Mostrando-se disponível para colaborar com o Governo para tornar o acesso ao Ensino Superior mais acessível, a ANEM relembra que, no Compromisso de Ação Social, assinado em abril de 2024 com o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), foram apresentadas várias propostas concretas para aliviar os gastos mensais dos estudantes de Medicina.
“Estas propostas mantêm-se atuais e urgentes, numa altura em que se discute o futuro do financiamento do Ensino Superior”, sublinha.