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Sudão: Pelo menos quatro crianças morrem semanalmente por falta de cuidados médicos - ONU

Lusa
07-11-2023 15:55h

Pelo menos quatro crianças morrem semanalmente por falta de cuidados médicos no estado do Nilo Branco, no sul do Sudão, onde vivem mais de 433 mil deslocados internos numa dezena de campos de refugiados, alertou hoje a ONU.

"O aumento do número de deslocados internos sobrecarregou os serviços sanitários essenciais dos campos de refugiados", disse a responsável das Relações Externas do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Dominique Hyde, apontando os recentes combates no estado do Darfur como a principal causa deste aumento de afluência aos campos.

Antes da crise que deflagrou em meados de abril, e que redundou em combates entre o exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) desde então, os campos de refugiados no Nilo Branco acolhia cerca de 300 mil refugiados, provenientes principalmente do Sudão do Sul, mas o panorama mudou desde abril, com os campos sobrelotados devido aos combates que se alastraram a todo o país.

De acordo com o ACNUR, o número de refugiados internos já ultrapassou os 7 milhões, com o fluxo de pessoas a aumentar "drasticamente" para os países vizinhos, como no caso do Chade, onde há cerca de 450 mil refugiados sudaneses até 03 de novembro, o que implica uma média diária de 700 pessoas desde o início dos confrontos.

"A não ser que proporcionemos assistência humanitária urgente à população civil dentro do Sudão, as pessoas continuarão a fugir para os países vizinhos como o Sudão do Sul e o Chade, que está a lutar contra uma crise humanitária cada vez maior", disse a responsável do ACNUR, citada pela agência espanhola de notícias, a EFE.

O plano regional de resposta às necessidades humanitárias dos refugiados conta apenas com 39% dos mil milhões de dólares de financiamento que está a pedir para cobrir as emergências sanitárias nos cinco principais países de acolhimento dos sudaneses que fogem ao conflito.

Atualmente, o Sudão tem mais de 7,1 milhões de pessoas deslocadas no país, 4,5 milhões das quais desde que eclodiu esta nova onda de conflitos, em 15 de abril, que opõe o exército liderado pelo presidente do Conselho Soberano de Transição, Abdel Fattah al-Burhane, às RSF, comandadas pelo antigo número dois do chefe das Forças Armadas, Mohamed Hamdan Dagalo.

Os confrontos deram-se após meses de tensão entre os dois dirigentes, depois de terem conduzido um golpe militar que derrubou um Governo civil de transição apoiado pelo ocidente.

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