Partindo do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, o professor Albino Gomes, enfermeiro forense na área dos crimes sexuais e violência doméstica analisou os números avançados nas conclusões e acredita que muitos ficaram por revelar. Culpa, medo, vergonha e o ónus da culpa colocado sobre a vítima são fatores que acabam por calar as denuncias.
No último Checkup, o professor Albino Gomes, enfermeiro forense na área dos crimes sexuais e violência doméstica, analisou as conclusões do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal. Foram validados 512 casos, no entanto, o também presidente da Associação Nacional Enfermagem Forense acredita que muito ficou por revelar.
Pede cautela na análise destes dados e confessa que não ficou surpreendido.
A maior parte destas crianças estava institucionalizada. Não só os abusadores lhes tinham fácil acesso, como também se limitava o contato com o exterior evitando a denuncia.
Este é um crime que nunca devia prescrever, segundo Albino Gomes, as vítimas “ficaram condenadas para o resto da vida” e podem ter sofrido alterações de desenvolvimento cognitivo e emocional.
A reincidência é outra questão preocupante. Grande parte dos pedófilos condenados acaba por reincidir e, uma vez em liberdade, diz Albino Gomes, procurará sempre restabelecer proximidade com crianças.
Culpa, vergonha e medo são as três razões que impedem as vítimas de revelar os abusos de que foram alvo.
Albino Gomes, relata ainda a forma como os interrogatórios são conduzidos colocando com frequência o ónus da culpa, sobre a vítima.
O programa completo estará disponível em breve aqui.
O Checkup estreia à sexta-feira, pelas 23h, com apresentação da jornalista Vera Arreigoso.
Aproveite para rever a análise de outros temas da atualidade da saúde.