O Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC) afirmou hoje que as “medidas preventivas necessárias contra a pandemia não podem ser relaxadas” e que a estratégia ‘zero covid’ deve continuar a ser aplicada “com determinação”.
A reunião entre os sete membros que compõem a cúpula do poder na China foi presidida pelo líder chinês, Xi Jinping, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.
O comité apontou a grande população da China – mais de 1,4 mil milhões de pessoas -, níveis “desiguais de desenvolvimento” entre as regiões e “recursos médicos insuficientes”, como factores que justificam a manutenção das políticas actuais.
O novo coronavírus “continua a sofrer mutações” e a “pandemia prossegue no mundo”, disse o órgão, acrescentando que a epidemia pode piorar “no inverno e na primavera devido a fatores climáticos”.
A China mantém uma estratégia de tolerância zero à covid-19, que inclui o confinamento de bairros, distritos e cidades inteiras, e o isolamento de todos os casos e respetivos contactos diretos em instalações designadas, visando suprimir surtos do vírus.
As fronteiras do país permanecem praticamente fechadas e as viagens e o comércio internos estão sujeitos a medidas de confinamento e regulamentos de quarentena em constante mudança.
O Comité Permanente do Politburo, cuja formação foi renovada, no mês passado, durante o 20º Congresso do PCC, apelou à “melhoria da eficácia do trabalho de prevenção” e à “superação do formalismo e burocracia”.
A liderança do PCC apontou que é necessário manter a “defesa contra a importação de casos do exterior”.
As fronteiras chinesas estão fechadas ao turismo desde março de 2020 e as autoridades do país limitam a concessão de novos passaportes para viagens não essenciais ao exterior.
Os líderes chineses também enfatizaram a necessidade de “promover vigorosamente a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas e medicamentos e melhorar a sua eficácia”.
No total, a China registou 8.824 novos casos nas últimas 24 horas, o valor mais elevado desde o final de abril. Embora este número seja baixo, considerando que a China tem 1,4 mil milhões de habitantes, a escala geográfica do surto constitui um desafio para a estratégia dos ‘zero casos’.
Todas as 31 regiões de nível provincial da China relataram novas infeções, nos últimos dias. O aumento no número de casos de covid-19 resultou no bloqueio parcial de Cantão, uma das maiores cidades da China e importante centro industrial, agravando a pressão sobre as cadeias de fornecimento globais.
Também a província central de Henan e a região autónoma da Mongólia Interior diagnosticaram mais de mil casos nas últimas 24 horas. Outras áreas do país relataram várias centenas de novos casos.
A Organização Mundial da Saúde disse, em maio passado, que a abordagem extrema da China para conter a covid-19 é "insustentável", devido à natureza altamente infecciosa da variante Ómicron.
Pequim recusou, no entanto, aprovar a importação de vacinas estrangeiras de RNA mensageiro no continente, já permitida nas regiões administrativas especiais chinesas de Macau e Hong Kong desde o início da pandemia.
A taxa de vacinação entre os idosos com inoculações domésticas, menos eficazes na prevenção de morte e doença grave, é de apenas 86%, segundo dados oficiais.
Segundo dados oficiais, morreram 5.226 pessoas desde o início da pandemia na China. As autoridades defendem que a sua estratégia salvou milhões de vidas.