SAÚDE QUE SE VÊ

Covid:19 - “Tomei decisões difíceis neste último ano que nunca pensei ter de tomar na minha vida como deixar doentes em casa e em lares que não vão sobreviver “– afirma paramédico português no Reino Unido  

CANAL S+ / VD
18-02-2021 21:17h

É português de Castro Marim, no Algarve, e está, desde março, na linha da frente do combate à pandemia da COVID-19 no Reino Unido.  Ao Canal S+, Gonçalo Sabóia, paramédico ao serviço do National Health Service (NHS) afirma ter vivido, na primeira fase da pandemia, momentos muito complicados acompanhados por decisões ainda mais difíceis.

O paramédico português começou por trabalhar nos serviços pré-hospitalares, de transporte de doentes em ambulâncias, primeiro na área metropolitana de Londres e, mais tarde, na costa sul, em Southampton.

 “Em Março, trabalhávamos em ambulâncias sem equipamento de proteção individual, apenas luvas”, recorda Gonçalo Sabóia.

O paramédico português, que contraiu a infeção em Março, durante o transporte de uma doente idosa, conseguiu recuperar e já foi, entretanto, inoculado com a vacina da Universidade de Oxford.

No Reino Unido, os doentes ligeiros ou menos graves com COVID-19 não são por norma levados para os hospitais, precisamente para não os sobrecarregar. Nesse sentido, muito pacientes, independentemente da idade, são aconselhados a ficar em casa até desaparecerem os sintomas.

“Tomei decisões difíceis neste último ano que nunca pensei ter de tomar na minha vida como deixar doentes em casa e em lares que não vão sobreviver”, lamenta Gonçalo Sabóia.

Saúde +

Volvidos todos estes meses de luta diária contra um inimigo invisível, Gonçalo Sabóia mostra-se confiante que as vacinas possam trazer de volta alguma normalidade ao Reino Unido e ao mundo, mesmo com a presença das novas variantes do vírus.

Gonçalo Sabóia que no decurso da pandemia passou a integrar os cuidados de saúde primários, onde trabalha agora na linha telefónica “111” (idêntica à SNS 24) lembra que há uma outra epidemia a nascer em Inglaterra que é a dos doentes não covid, sobretudo os oncológicos que ficaram uns por rastrear e outros por tratar.

Saúde +

O paramédico português revela que “teve de ser feita uma nova ordem, para o Serviço Nacional e Saúde Inglês retomar os rastreios de cancro porque faleceram muitas pessoas sem serem diagnosticadas”.

Na última semana, o número de novos casos de infeção por COVID-19 tem vindo a descer no Reino Unido, mas as autoridades ainda hesitam em falar de um novo desconfinamento.

MAIS NOTÍCIAS