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Vacinação Covid-19: “Julgo que satisfeito com a vacinação ninguém estará. Penso que quem estará mais insatisfeito deve ser o Governo” – afirma presidente da Câmara de Oeiras

CANAL S+ / VD
13-02-2021 16:13h

Três semanas depois da vacinação contra a COVID-19 ter começado em lares de terceira idade do concelho com 1600 idosos inoculados, Isaltino Morais afirma ao Canal S+ que “naturalmente que toda a gente estará preocupada e insatisfeita” com o processo.

O presidente da Câmara de Oeiras admite que “o problema principal advém da indisponibilidade de vacinas”. Nesta entrevista, o autarca indica que “esta pandemia trouxe ao de cima as fragilidades do Estado. Não é apenas na Saúde, mas também na Educação. Os municípios estão cada vez mais a substituir-se ao Estado. Os Governos governam a 4 anos. (…) A falta de planeamento não é só na vacinação. A única área onde não se perdeu o hábito do planeamento é nas Forças Armadas”, remata.

Na semana em que a vacinação foi alargada a pessoas com mais de 80 anos e com mais de 50 com patologias associadas, Isaltino Morais lamenta que o governo ou o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não tenha alertado as autarquias com mais antecedência sobre o que necessitavam do poder local.

O presidente da Câmara de Oeiras afirma que “temos todos uma grande capacidade de improviso, mas até o improviso tem limites”, dado que o pedido de ajuda ao município para que criasse um centro de vacinação só chegou a 29 de janeiro deste ano.

Isaltino Morais sublinha que “Se me disserem com 6 meses de antecedência que tenho de improvisar um centro de vacinação, é diferente do que me dizerem em 8 dias”.

O primeiro centro de vacinação de Oeiras abriu a 8 de fevereiro no Pavilhão Carlos Queiróz, em Carnaxide, e tem uma capacidade para inocular 1400 pessoas por dia.

O presidente da Câmara Municipal de Oeiras mostra-se insatisfeito com algumas promessas feitas pelo Governo, sobretudo no que respeita à desinfeção das escolas, que “só aconteceu por iniciativa da autarquia”.

Isaltino Morais considera, apesar de tudo, que o momento não é para criticas, mas sim para “meter mãos à obra” e unir esforços. O autarca admite colocar à disposição do SNS “tudo o que eles precisem até médicos e enfermeiros”.

Sobre a hipótese de criar sistemas de drive-thru, em estilo americano, para imunizar em larga escala no concelho de Oeiras, como foi planeado no Porto, Isaltino Morais “admite tudo, desde que o SNS queira”.

O presidente da Câmara de Oeiras garante apenas que “no caso de Oeiras ninguém ficará por vacinar por falta de logística”.

Isaltino Morais revela que o Fundo de Emergência Social da autarquia aumentou de 250 mil euros em 2019 para cerca de 2 milhões e meio de euros, em 2020. Verbas que permitiram financiar, sobretudo, rendas de pessoas que perderam emprego ou que foram colocadas em lay-off, mas também para fazer face à compra de medicamentos ou até ao pagamento de faturas da água para os mais carenciados.

O autarca diz que o município gastou, em 2020, 3 milhões de euros nesta área, apesar de ter investido 12 milhões no total. Aliás, segundo Isaltino, “Oeiras, Lisboa e Cascais foram os concelhos que mais investiram em Portugal no combate à pandemia”.

Ao Canal S+, o presidente da Câmara de Oeiras sublinha que “não admito que possa haver alguém no concelho de Oeiras com fome”.

Com o desemprego na autarquia a aumentar de 4% em 2020 para 5,5% em 2021, Isaltino Morais revela que a Câmara de Oeiras acaba de lançar um apoio de 1 milhão de euros para ajudar os mais carenciados a fazer face às faturas da eletricidade e custos energéticos.

O presidente da Câmara lembra ainda que apesar do concelho ter muitas empresas tecnológicas com empregos muito diferenciados, o teletrabalho imposto pelos sucessivos Estados de Emergência em que o país vive, desde março de 2020, leva a uma perda de emprego em todas as profissões menos diferenciadas.

Desde o início da pandemia da COVID-19, a autarquia de Oeiras disponibiliza aos munícipes, de forma gratuita, máscaras de proteção individual a quem se dirija às juntas de freguesia e às esquadras da Polícia de Segurança Pública (PSP).

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