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Sindicato denuncia que pandemia acrescentou problemas a enfermeiros de Bragança

LUSA
05-02-2021 13:09h

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) denunciou hoje que as condições de trabalho dos profissionais na Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste agravaram-se com a pandemia, somando novos problemas laborais a outros ainda por resolver.

O SEP promoveu hoje uma conferência de imprensa, em frente ao hospital de Bragança, sobre as condições de trabalho e os problemas com que se depara a classe nos três hospitais e 14 centros de saúde geridos pela ULS do Nordeste, que servem todo o distrito de Bragança.

Entre os mais de 700 enfermeiros a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) nesta região, há problemas que se arrastam há anos e que agora são “agravados ou criados outros com a questão da pandemia”, segundo Alfredo Gomes, dirigente nacional do SEP.

O dirigente sindical enumerou que “o Governo não resolveu ainda os problemas que vêm com o descongelamento das carreiras em 2018” e há enfermeiros que ainda não foram reposicionados na carreira.

Outros profissionais, continuou, não transitaram para a nova carreira como enfermeiros especialistas, há enfermeiros a quem não foram atribuídos os pontos para descongelamento e outros “que nem sequer têm homologada a avaliação de desempenho”.

“Para além destes problemas todos que são anteriores a esta questão da pandemia, temos agora estes problemas agravados e criados outros, nomeadamente as condições de trabalho”, declarou.

Alfredo Gomes referiu as condições na tenda instalada junto à urgência do hospital de Bragança, onde são atendidos os doentes covid e que, considerou, “não tem condições de trabalho, nomeadamente [com] chuva, climatização”.

“Os colegas entram lá, fazem turnos de 12 horas e, por vezes, têm que mudar de calçado porque molham os pés, faz frio, estamos em Bragança, não estamos propriamente no Algarve”, sustentou.

Deu ainda outro exemplo dos que trabalham nos cuidados intensivos e “fazem 12 horas metidos naqueles fatos e que não têm a possibilidade de terem água fornecida pela instituição para se hidratarem durante o turno”.

O dirigente nacional do SEP considerou que a legislação que saiu na quarta-feira sobre horários acrescidos e os regimes de horários de trabalho “vem penalizar estas condições de trabalho” dos enfermeiros.

“Criaram uma lei, ao arrepio da que está em vigor desde 1991, sem negociação com o sindicato, que vem penalizar o trabalho que estes enfermeiros fazem, para além de que tendo nós uma lei que estipula o valor da hora e do trabalho extraordinário, agora criam turnos extraordinários com valor fixo e não respeitando sequer aquilo que está na regulamentação da carreira”, afirmou.

Os contratos de trabalho precários foram outra das preocupações laborais abordadas, numa região onde entre os cerca de 750 enfermeiros ao serviço da ULS do Nordeste, “cerca de 60” estavam nestas condições, no mês de novembro, os últimos dados apurados pelo sindicado.

O SEP criticou que “vão sendo transformados em contratos sem termo às pinguinhas” e outros continuam sem perspetiva para o futuro.

“Na ULS do Nordeste, todos os enfermeiros que foram admitidos até 31 de julho passarão a contrato sem termo até 31 de março, mas todos os outros que foram admitidos posteriormente a esta data, quando terminar, o contrato cessa”, concretizou.

O SEP defendeu ainda que o subsídio de risco atribuído no âmbito do combate à pandemia covid-19 seja pago a todos os enfermeiros e que os contratos de substituição sejam convertidos em definitivos.

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