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Covid-19: Município de Lisboa inicia programa de literacia para a saúde mental

LUSA
13-01-2021 15:25h

Um programa de ensino à distância que visa aumentar a literacia em saúde mental vai iniciar-se na quinta-feira para os colaboradores da Câmara Municipal de Lisboa, no sentido de identificar e encontrar soluções em contexto pandémico.

Em comunicado divulgado hoje, a Associação ManifestaMente explicou que as sessões ‘online’ de “Capacitação de Dinamizadores Locais” vão decorrer durante dois dias e os participantes vão “debruçar-se sobre conceitos avançados de saúde mental e analisar de forma teórico-prática várias estratégias para intervir na comunidade”.

De acordo com a associação, o programa inclui também uma sessão em grupo para reflexão sobre as dificuldades encontradas no terreno, discussão das estratégias de resolução e acompanhamentos das atividades.

A iniciativa insere-se no programa “Kit Básico de Saúde Mental para as Autarquias”, desenvolvido pela Maniestamente, em outubro do ano passado, com o patrocínio do Programa Nacional para a Saúde Mental (PNSM), no âmbito dos projetos de apoio financeiro da Direção-Geral da Saúde.

“O lançamento do Kit Básico de Saúde Mental em outubro de 2020 foi um sucesso que superou todas as nossas expectativas. Mais de 7.600 pessoas inscreveram-se e já mais de 1.400 completaram este curso 'online' e gratuito. O programa com as autarquias já estava planeado e é no fundo um aprofundamento mais detalhado dos princípios deste Kit Básico”, disse a presidente da ManifestaMente, Ana Mina, citada em comunicado.

Segundo a dirigente, o programa deve “facilitar o trabalho das autarquias em várias zonas do país para que possam melhorar a saúde mental da sua comunidade, mesmo que não tenham formação em saúde”.

Para Ana Mina, as autarquias têm a vantagem de conhecerem as suas comunidades locais melhor do que ninguém.

“Estes colaboradores - futuros ‘Dinamizadores Locais’ - serão acompanhados em proximidade pela ManifestaMente durante três a seis meses, que está disponível para os apoiar na implementação prática das iniciativas escolhidas para a sua comunidade e ajudar a resolver problemas e obstáculos que possam encontrar, assim como na divulgação das iniciativas que forem desenvolvidas”, pode ler-se no comunicado.

Por sua vez, o vereador da Educação e dos Direitos Sociais, Manuel Grilo (BE), partido que tem um acordo de governação da cidade com o PS), indicou que o programa está enquadrado no Programa Municipal de Saúde Mental, colocando a saúde mental na agenda do município liderado por Fernando Medina (PS).

“Num momento tão delicado para a saúde pública, mas também para a saúde mental, queremos ouvir as pessoas. Queremos ouvi-las para agir melhor, tanto enquanto instituição pública que atua no terreno, como na articulação do trabalho com os diversos parceiros da área”, afirmou.

O Programa de Capacitação de Dinamizadores Locais – patente em nove autarquias do Alentejo – é o resultado de muitos meses de trabalho para garantir que os municípios têm acesso aos recursos mais úteis para que possam efetivamente trazer melhorias à saúde mental das suas comunidades.

“Os Dinamizadores Locais que estão já a trabalhar no Alentejo são um grupo dinâmico que abraçou o Programa de Capacitação com entusiasmo. Têm estado dedicados a conhecer ainda melhor as suas comunidades, as suas necessidades em termos de saúde mental, e a estabelecer parcerias com alguns recursos locais já existentes”, avançou a coordenadora do programa Beatriz Lourenço.

O programa ‘online’ inclui um manual que explica as várias problemáticas de saúde mental que os Dinamizadores Locais podem vir a encontrar no terreno. Os materiais de apoio, segundo a associação, foram desenvolvidos por uma equipa multidisciplinar de psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e outros especialistas em saúde e comunicação.

De acordo com o estudo Barómetro da Escola Nacional de Saúde Pública, 82% dos participantes reportaram efeitos negativos na saúde mental durante confinamento em março e abril de 2020.

“São as mulheres, as pessoas em teletrabalho e os trabalhadores que suspenderam a atividade profissional os grupos que suscitam maior preocupação”, sustenta.

Contudo, o médico psiquiatra e diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção-Geral da Saúde ressalvou que a vida das pessoas mudou “drasticamente com a covid-19, fazendo sobressair ainda mais a necessidade de cuidar da saúde mental”.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.963.557 mortos resultantes de mais de 91,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 8.236 pessoas dos 507.108 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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