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Covid-19: “A sociedade portuguesa não deve esperar por quinta-feira para confinar”, afirma Diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar de São João (CHSJ)

CANAL S+ / VD
12-01-2021 20:36h

Sem grandes surpresas, José Artur Paiva atribui o “recrudescimento de novos casos de COVID-19 ao aumento de contactos interpessoais nos 15 dias antes do Natal”. Entrevistado pelo S+, o Diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital de São João, no Porto, lembra que ”em cada dia que temos 10 mil novos casos, sabemos que 7 dias depois teremos 150 casos graves da doença”.

O professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto afirma que “vamos viver um próximo mês e trimestre com uma carga muito significativa”. Hoje, o CHSJ registou 90% de taxa de ocupação da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), já depois de ter expandido em 35% a sua oferta de camas; ao mesmo tempo que a UCI do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, admite estar a entrar em rutura.

O aumento do número de casos de novas infeções por SARS COV 2 registado, nos últimos dias, deixou também as Unidades de Cuidados Intensivos dos principais hospitais de Coimbra e da grande Lisboa, sobretudo em Santa Maria, saturadas. Perante este cenário, vários doentes tiveram de ser transferidos para os hospitais do Porto.

José Artur Paiva apela aos portugueses para não esperarem por quinta-feira para confinarem.

Confirmada a presença em Portugal da nova variante da COVID-19, identificada em Inglaterra, e que é muito mais contagiosa do que a que se conhecia até aqui, José Artur Paiva sublinha que apenas o INSA tem informação mais detalhada sobre a sua prevalência. O Diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital de São João adverte, ainda assim, que “é preciso ter muito cuidado com o próximo trimestre”, dada a forte transmissibilidade desta nova variante.

Com a escalada do número de casos de infecções por SARS-COV2, José Artur Paiva mostra-se bastante preocupado com o burn-out dos profissionais de saúde que desde Março, altura em que a COVID-19 chegou a Portugal, estão a fazer tudo o que podem para a combater. Com a passagem do tempo e a manutenção contínua do esforço, é preciso acautelar a “exaustão das equipas”, defende o também professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

José Artur Paiva afirma ainda que só no Hospital de São João cerca de “25 a 30% dos doentes internados na Medicina Intensiva são de fora da nossa área de referenciação primária”.

Em Portugal, morreram até hoje 8.080 pessoas dos 496.552 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS). 

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