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“Mais do que o medo, há resignação com o que o futuro vai trazer”, afirma médica portuguesa do Great Western Hospital em Swindon, Reino Unido

CANAL S+ / VD
28-12-2020 19:15h

Uma nova mutação do SARS-COV 2, detetada no sul de Inglaterra, forçou o país a um novo confinamento e a um Natal com as famílias, obrigatoriamente, separadas. A médica portuguesa Patrícia Monteiro, que trabalha no Great Western Hospital, em Swindon, no Reino Unido, garante que entre os ingleses “mais do que medo, há resignação com o que o futuro vai trazer”.

Entrevistada pelo Canal S+, Patrícia Monteiro, lamenta que “não estamos tão perto do fim, como estávamos à espera”, mas lembra que “nos profissionais de saúde ainda há motivação”. No Great Western Hospital, de Swindon, onde trabalha, a vacinação está a decorrer há duas semanas e “em força, durante 12 horas por dia”, adianta.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou hoje que é preciso acelerar o processo de descoberta e sequenciação genética para acompanhar as mutações do SARS-COV-2.

Maria van Kerkhove, principal responsável técnica da luta contra a pandemia da OMS afirmou “Quanto mais um vírus circula, mais oportunidades tem para mudar. Estas mudanças são normais e expectáveis, mas a maior parte pouco efeito tem no seu comportamento”.

No Reino Unido, Patrícia Monteiro revela que o número de casos de novas infeções começa agora a subir. A unidade dedicada, em exclusivo, a doentes COVID-19 no Great Western Hospital, ao sul de Londres, está cheia. A médica portuguesa lamenta que “Estamos a ficar com muito menos capacidade de receber novos doentes”, mas garante que apesar de tudo “Há ânimo nos profissionais de saúde”.

A clínica portuguesa que já trabalhou no Serviço Nacional de Saúde (SNS), no Hospital de São Bernardo em Setúbal, destaca que a maior diferença entre o sistema de saúde público inglês e o português é mesmo a organização. No NHS (National Health System) há ainda uma “grande proximidade entre a administração central do hospital e todas as especialidades. (…) Os diretores de serviço também estão mais representados na administração”, assinala Patrícia Monteiro que, entretanto, já foi vacinada contra a COVID-19.

Ao Canal S+, a médica portuguesa explica como está a decorrer a vacinação no Reino Unido. Em primeiro lugar, o governo britânico definiu a estratégia e, de seguida, colocou o plano online para que todos o possam consultar e compreender as devidas prioridades. Patrícia Monteiro assinala, ainda, que está a decorrer em todo o país formação online para os profissionais de saúde saberem como devem proceder na vacinação – antes e depois-, prevenindo, deste modo, reações adversas que, caso surgem, devem ser de imediato reportadas, através dos mecanismos de fármaco-vigilância existentes.

Nesta entrevista ao S+, Patrícia Monteiro assinala que no Reino Unido quase não foram envolvidos os Cuidados de Saúde Primários na luta contra a pandemia. O que em Portugal aconteceu e continua a acontecer. Para a médica do Great Western Hospital, provavelmente este trabalho de “seguimento dos doentes COVID-19” só vêm sobrecarregar os colegas da Medicina Geral e Familiar e “não sei se realmente se justifica”, adianta.

O último balanço das autoridades britânicas, divulgado hoje, dá conta de 41 mil 385 novos casos de infeção por Covid-19 e de 357 mortos.

O NHS está neste momento a tratar nos seus hospitais cerca de 20 mil 426 doentes infectados pelo SARS COV-2.

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