SAÚDE QUE SE VÊ

“Cada habitante de Lisboa gasta por ano 1159 euros por causa da má qualidade do ar” – afirma European Public Health Alliance (EPHA)

CANAL S+ / VD
24-10-2020 23:50h

A conclusão surge num estudo divulgado, esta semana, pela European Public Health Alliance (EPHA), intitulado “Custos de Saúde da Poluição do Ar nas Cidades Europeias e a ligação com os transportes”.

O relatório, que inclui uma análise detalhada de 432 cidades europeias de 30 países (UE27, Reino Unido, Noruega e Suíça), não só vem confirmar que a poluição do ar afecta a saúde humana, como inflige enormes custos aos cidadãos e, por consequência, aos governos quando existem sistemas de saúde públicos, como é o caso de Portugal.

Em entrevista ao Canal S+, Susana Paixão da Sociedade Portuguesa de Saúde Ambiental, membro da Health and Environment Alliance (HEAL), explica quais são as cidades portuguesas onde se gasta mais por ano por causa da poluição do ar.

No ano em que Lisboa se assume como a Capital Verde da Europa, não deixa de ser curioso que a capital portuguesa continue a liderar a tabela nacional no estudo com 1159 euros de gastos anuais por cidadão por causa da má qualidade do ar.

Para Susana Paixão, o estudo da EPHA tem um propósito bem claro que passa por alertar os políticos europeus para o facto de ser urgente mudar a forma como nos deslocamos, sobretudo nas cidades, recorrendo mais à bicicleta ou a andar a pé, em vez do carro que na maior parte dos casos é utilizado apenas por uma pessoa, relembra a professora de Saúde Ambiental da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra.

Fomentar a existência de centros urbanos sem carros, com mais espaços verdes e áreas pedonais são algumas das propostas de Susana Paixão. Para a Presidente da Sociedade Portuguesa de Saúde Ambiental é ainda crucial que nos principais centros urbanos do país as ciclovias sejam expandidas, dentro e fora das cidades e os transportes públicos sejam mais acessíveis, pontuais e eficientes, dado que “deixamos de andar a pé e habituámo-nos demasiado ao carro”, afirma a professora.

A professora de Saúde Ambiental da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra afirma ainda que por causa da poluição do ar e da sua má qualidade “temos 400 mil mortes por ano relacionadas com a má qualidade do ar das cidades europeias”. Um número “absolutamente trágico” para a especialista que é urgente alterar.

O estudo da European Public Health Alliance (EPHA) afirma que, em 2018, as 432 cidades europeias gastaram mais de 166 biliões de euros por causa da poluição do ar, cerca de 3,9% do PIB europeu.

De acordo com o relatório ambiental se reduzirmos apenas o número de deslocações diárias em carro próprio, os resultados positivos na qualidade do ar e nos custos sociais seriam bastante consideráveis.

O estudo da EPHA, encontra-se disponível em:

https://epha.org/how-much-is-air-pollution-costing-our-health/

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