SAÚDE QUE SE VÊ

“Ninguém duvida que estamos com um excesso de mortalidade que deve suscitar em nós um sentimento de urgência”, afirma Ex-Ministro da Saúde

CANAL S+ / VD
25-09-2020 14:42h

Adalberto Campos Fernandes está preocupado com o aumento da mortalidade em Portugal. O Ex-ministro da Saúde espera que se crie “um foco muito grande para que este excedente de mortalidade seja não só explicado, mas interrompido”.

Em declarações exclusivas ao Canal S+, o professor de Saúde Pública garante que estamos perante um “assunto muito sério” que precisa de uma resposta rápida no sector público ou no sector social e privado. Adalberto Campos Fernandes considera “inaceitável que as pessoas estejam a chegar aos hospitais mais tarde do que deviam ou que tenham dificuldades no acesso a cuidados de saúde”.

O professor da Escola Nacional de Saúde Pública lamenta ainda que exista uma excessiva mediatização em torno da COVID-19, “com uma descrição diária do número de casos nacionais e do problema”.  Para o ex-ministro da Saúde, esta estratégia de comunicação apenas conduz a uma inevitável saturação dos portugueses.

O antigo titular da pasta da saúde no XXI Governo Constitucional entre 2015 e 2018, afirma ainda que a “utilização de máscara deve ter como critério a geografia da proximidade com os outros”. Para Adalberto Campos Fernandes é lamentável que se estejam a aplicar os mesmo critérios a diferentes regiões do país, “não se podem aplicar as mesmas medidas a Vila Nova de Gaia e a Castelo Branco quando o número de casos é diametralmente diferente”, assegura.

Para o professor em Saúde Pública, os vários ministérios e não apenas o da Saúde devem olhar para o território nacional “do ponto de vista das suas dinâmicas”. Adalberto Campos Fernandes recorda que foi assim que há uns meses se aligeirou os números de infectados por COVID-19 na Região de Lisboa e Vale do Tejo.

Nesta grande entrevista ao Canal S+, Adalberto Campos Fernandes recorda que “estamos a escrever um livro ao vivo, dado que nunca tínhamos tido uma pandemia no Século XXI”, mas assegura que “não é prudente” compararmos tempos e épocas históricas. Para o ex-ministro da Saúde, a gripe pneumónica de 1918 comportou-se como esta e como outras pandemias. “Agora, são tempos muito diferentes. Não os podemos comparar”, atesta.

Para o ex-ministro, a pandemia da COVID-19 tem apesar de tudo registado “bons exemplos”, como seja o Algarve e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores. “Veja o caso do Algarve que registou uma grande afluência de pessoas no Verão e apesar de tudo continua a ser uma zona segura”, afirma.

O último boletim divulgado hoje pela Direção Geral da Saúde (DGS) dá conta de mais 5 mortos em Portugal por causa da COVID-19, 567 novos infectados e mais 327 recuperados.

No total, desde o início da pandemia, Portugal já registou 72 mil e 55 casos de infeção de SARS-COV 2.

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