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“As pessoas no Líbano não estão convencidas que tenha sido um acidente e vivem num misto de anestesia estranha” – afirma médica portuguesa em Beirute

CANAL S+ / VD
10-08-2020 17:22h

Andreia Castro, 34 anos, está há 48 horas em Beirute. Em entrevista ao Canal S+, a médica de medicina geral e familiar explica que decidiu partir para a capital libanesa “de um dia para o outro, com o intuito de entregar donativos e prestar a ajuda possível”.

A 4 de Agosto, uma explosão no porto de Beirute de 2750 toneladas de nitrato de amónio ali armazenadas desde 2013, provocou a morte a 154 pessoas, milhares de feridos e de desalojados. O rebentamento foi sentido a seis quilómetros do porto, abriu um buraco com 43 metros de profundidade e destruiu a quase totalidade do centro da capital libanesa com prejuízos que ascendem aos 4,2 mil milhões de euros.

A clínica portuguesa que trabalha para o Grupo Luz Saúde afirma que há manifestações diárias na capital libanesa de milhares de pessoas contra o governo, ao mesmo tempo que a sociedade civil se mobiliza e procura limpar os escombros com alguma ajuda dos militares.

O presidente libanês, Michel Aoun, admitiu no fim de semana que a causa das explosões no porto de Beirute se pode dever "a negligência ou a uma ação externa", como por exemplo "um míssil". O chefe de estado libanês recusou na altura a realização de uma investigação internacional.

 Já esta tarde, o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, anunciou que vai ”entregar a resignação, em nome de todos os ministros".

 Em declarações ao Canal S+, Andreia Castro garante que “os libaneses não estão convencidos de que se tenha tratado de um acidente e vivem, neste momento, num misto de anestesia estranha”.

Andreia Castro já visitou dois hospitais em Beirute para distribuir os donativos que conseguiu recolher em Lisboa e que continuam a chegar.

A médica de família que trabalhou na USF Conde de Oeiras entre 2011 e 2016 já visitou 67 países e afirma “nunca ter estado num cenário de destruição desta magnitude e nunca ter vivenciado uma situação que se compare a esta nem de perto nem de longe”.

Andreia Castro conseguiu reunir, até ao momento um, pouco mais de dois mil euros de ajuda para comprar medicamentos e equipamentos de proteção individual (EPIs) que tem vindo a entregar a Organizações Não-Governamentais (ONGs) e a hospitais locais.

A médica portuguesa, que não integra nenhuma organização humanitária, regressa a Lisboa no sábado, após 7 dias no Líbano a ajudar as vítimas da explosão no porto de Beirute.

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