SAÚDE QUE SE VÊ

“O que se sente é que muitas vezes o planeamento não é atempado, é reactivo”, afirma Diretor da Faculdade de Medicina de Lisboa

CANAL S+ / VD
17-07-2020 19:23h

Em entrevista ao Canal S+, o professor Fausto Pinto comenta desta forma a gestão que o Governo tem vindo a fazer da evolução da pandemia da COVID-19.

O Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa compreende que os políticos possam ter lógicas diferentes das que são necessárias em saúde pública, o que torna fundamental e urgente criar planos consistentes, ouvindo para isso “os profissionais que estão no terreno”, atesta.

Para o Diretor da Unidade de Cardiologia do Hospital de Santa Maria em Lisboa, o país faz bem em “estar atento ao que se está a passar na Austrália”, onde em pleno Inverno do hemisfério sul já se fazem sentir os efeitos de uma segunda vaga da COVID-19.

A comunicação da pandemia feita pelas entidades oficiais também não passa no “exame” do professor Fausto Pinto para quem “este é um momento duro”, afirma convicto.

Reagindo às palavras do Primeiro-Ministro, António Costa, que disse há dois dias que “o país não aguenta um segundo confinamento”, o professor de Cardiologia não tem dúvidas que isso é como dizer que “um individuo não pode ser sujeito a uma segunda amputação”.

Para o diretor da Faculdade de Medicina de Lisboa, o desconfinamento foi “demasiado optimista” e é preciso ter “uma atitude pedagógica com a população e de ser adultos”, remata.

Num momento em que a Rainha de Inglaterra avança com condecorações aos profissionais de saúde e em França alguns deles participam inclusivamente no desfile do 14 de Julho, nos Campos Elísios, após um anúncio de um aumento salarial; Fausto Pinto lamenta que os políticos portugueses “utilizem os médicos e os enfermeiros em eventos“. O professor sente-se desconfortável com a “pouca valorização” e o “reconhecimento hipócrita”.

No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Fausto Pinto revela que 1/3 dos doentes internados têm, neste momento, menos de 40 anos e que a testagem em curso tem permitido identificar um maior número de pessoas assintomáticas. O professor que lidera a Unidade de Cardiologia garante que a actividade programada já foi retomada, “sujeita a uma planificação electiva dos doentes”.

 

Fausto Pinto está à frente da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa desde 2015, dirige há 6 anos a Unidade de Cardiologia do Hospital de Santa Maria e é simultaneamente um dos cardiologistas mais reconhecidos em Portugal e na Europa.

 

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