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Covid-19: CDS e Chega criticam fim das reuniões no Infarmed quando crise ainda “não acabou”

LUSA
08-07-2020 15:05h

CDS-PP e Chega criticaram hoje o fim das reuniões com especialistas no Infarmed, tendo os centristas alertado que a crise de saúde pública ainda “não acabou”, e André Ventura dito que não informado oficialmente.

Em declarações aos jornalistas no final da décima reunião sobre a evolução da covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa, o vice-presidente do CDS-PP António Carlos Monteiro destacou a importância destes encontros pela partilha de “informação em primeira mão” e por permitir aos partidos tirarem dúvidas junto dos técnicos.

“Lamentamos que estejam a acabar com as reuniões numa altura em que a crise de saúde pública não acabou”, afirmou o centrista, advogando que “foram fundamentais para construir uma unidade em torno do combate a esta doença”.

O dirigente do CDS considerou também que esta decisão pode ser justificada pelo facto de, numa destas reuniões, “os especialistas terem contrariado as teses do senhor primeiro-ministro e, aliás, uma dessas especialistas já nem esteve nesta reunião” e pelas palavras do presidente do PSD, que disse que estas reuniões “começam a ter pouca utilidade”.

António Carlos Monteiro defendeu que “não é com menos informação que o problema se resolve, muito menos quando essa informação foi dada e contrariou aquilo que eram as teses que estavam a ser defendidas por alguns políticos”.

O democrata-cristão deixou ainda um apelo para que a informação sobre a evolução da covid-19 “continue a ser fornecida aos partidos” e para que “seja ponderada no futuro a reativação” destas reuniões.

Também o líder demissionário do Chega apontou que “é de estranhar que, poucos dias depois de o presidente do PSD ter referido que estas reuniões estavam a ter cada vez menos importância, o Governo tenha decidido, também ele, terminar com estas reuniões e, aparentemente, sob a passividade enorme do Presidente da República”.

“Não foi inocente nada disto que aconteceu”, atirou André Ventura, falando num “alinhamento estruturado” para “controlar a informação, a gestão e a divulgação do que se passa sobre esta pandemia”.

O dirigente disse não ter sido informado de forma “oficial” que esta tinha sido a última destas reuniões, e que soube quando se apercebeu de que não tinha sido marcada a próxima reunião, como era habitual, e quando ouviu o Presidente da República falar aos jornalistas à saída.

Sobre a evolução da pandemia, o CDS assinalou que “não existe nenhum milagre português”, uma vez que, “em número de contágios por milhão de habitantes”, Portugal “fica apenas atrás da Suécia” em termos europeus, país “que não fez qualquer confinamento”.

Por isso, António Carlos Monteiro considerou que o problema “é muito sério, porque os portugueses pagaram o preço do confinamento em falências e desemprego” mas “não houve o efeito desejado” ao nível do combate à pandemia, falando em “frustração”.

O dirigente alertou ainda para as dificuldades do setor do turismo quando Portugal foi colocado “na lista negra”, pedindo ao Governo que tome “medidas para acompanhar este setor”.

Também o Chega considerou preocupante a situação em Lisboa onde se verifica “um aumento progressivo dos contágios em todas as idades e um aumento das incidências em lares” e destacou que no Algarve o contágio social "está a aumentar de forma significativa", o que "pode ser letal" para os interesses daquela região.

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