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Covid-19: Presidente da África do Sul diz que vírus expõe desigualdades no país

LUSA
27-04-2020 21:06h

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, afirmou hoje que a pandemia de covid-19, provocada pelo novo coronavírus, está a realçar as desigualdades no país, 26 anos depois do fim do regime do ‘apartheid’.

Num discurso ao país, no dia em que se assinala o Dia da Liberdade com um feriado nacional que relembra as primeiras eleições democráticas no país, em 1994, Ramaphosa alertou que as disparidades duradouras entre ricos e pobres na África do Sul estão a ser sublinhadas pela luta contra a covid-19.

“Algumas pessoas têm conseguido suportar o confinamento devido ao coronavírus em casas confortáveis, com frigoríficos completamente abastecidos, cuidados médicos privados e ensino ‘online’ para os seus filhos”, afirmou o chefe de Estado sul-africano num discurso transmitido na televisão, acrescentando que “para milhões de outros, este tem sido um mês de miséria”.

As desigualdades no país da África Austral foram também sublinhadas pelo Nobel da Paz e antigo arcebispo Desmond Tutu.

A África do Sul “não é o país justo e equitativo que deveria ser”, afirmou Tutu, numa declaração emitida pela sua fundação.

“O vírus fez ao país um terrível favor ao expor os alicerces insustentáveis sobre os quais foi construído e que devem ser corrigidos urgentemente”, defendeu o antigo arcebispo.

A África do Sul comporta o maior número de infeções pelo novo coronavírus no continente, com pelo menos 4.546 casos e 87 mortes registadas.

Durante o dia de hoje, os profissionais de saúde iniciaram o rastreio e a despistagem da doença em várias zonas de Joanesburgo, especialmente em zonas pobres com elevada densidade populacional.

As autoridades preveem também a realização de testes na província de Cabo Ocidental, que inclui a Cidade do Cabo e que concentra o maior número de casos de covid-19.

Após vários anos de combate a doenças como a tuberculose e o HIV, a África do Sul apresenta experiência no despiste e no combate de doenças infecciosas, tendo já realizado perto de 170.000 testes desde o início da pandemia de covid-19.

Atualmente, a África do Sul tem 28.000 trabalhadores do setor da saúde encarregues de localizarem contactos de pessoas infetadas, de modo a conter a propagação da doença.

Mais de 200 médicos oriundos de Cuba chegaram hoje ao país para apoiar o combate à pandemia.

Segundo os dados mais recentes, África contabiliza 31.933 casos da doença em 52 países africanos, tendo 1.423 dos infetados morrido. Já o número total de doentes recuperados cifra-se em 9.566.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 206 mil mortos e infetou quase três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Perto de 810 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

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