SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Paquistão apela ao levantamento das sanções contra o Irão

LUSA
20-03-2020 20:28h

O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, apelou hoje ao levantamento das sanções financeiras “injustas” contra o Irão, um dos países mais afetados pelo novo coronavírus, para que Teerão possa combater da melhor forma a pandemia.

“Quero insistir junto da comunidade internacional para o levantamento das sanções contra o Irão. É demasiado injusto que o Irão esteja confrontado com uma pandemia desta amplitude, por um lado, e que seja sujeito a sanções internacionais, por outro”, disse o governante em conferência de imprensa.

O Paquistão, que viu o número de infetados pela Covid-19 multiplicar-se por 14 em seis dias, regista atualmente 461 casos, encerrou a 13 de março os 900 quilómetros da fronteira que partilha com o Irão, onde numerosas pessoas infetadas tinham ficado.

A província do Sind, no sul do Paquistão, registou hoje a terceira morte no país.

As declarações de Imran Khan surgem na sequência de uma carta que lhe foi enviada pelo Presidente iraniano, Hassan Rohani, pedindo a Islamabad ajudar para lutar contra a pandemia, no Irão, fez já 1.433 mortos, segundo números hoje oficializados.

O ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês, contactado pela agência France-Presse, recusou comentar a carta.

A 12 de março, o Irão solicitou, ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o acesso a uma ajuda financeira, por meio de crédito, para poder combater o novo coronavírus.

O Irão, que não beneficia há mais de 60 anos, da ajuda do FMI, onde os Estados Unidos da América (EUA) têm um papel determinante, solicitou uma ajuda de cerca de cinco mil milhões de dólares, segundo informação do Banco Central da instituição.

Em 2018, Washington anunciou o reestabelecimento de pesadas sanções económicas contra Teerão na sequência da retirada dos EUA do acordo nuclear iraniano, concluído em 2015 entre a República Islâmica e os cinco países com estatuto de membro permanente do Conselho de Segurança [Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido] e a Alemanha.

Se, teoricamente, os medicamentos e equipamentos médicos escapam às sanções de Washington, na verdade estão sujeitos ao bloqueio americano porque os bancos internacionais preferem geralmente recusar uma transação financeira com o Irão que exporem-se a represálias dos Estados Unidos.

Segundo uma mensagem na rede social Twitter do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, as sanções americanas “comprometem” a capacidade de lutar contra esta pandemia.

Já Washington acusa Teerão de falta de transparência em relação à covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, infetou mais de 265 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 11.100 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 90.500 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 182 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 4.032 mortos (mais 627 que na quinta-feira) em 47.021 casos.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

MAIS NOTÍCIAS